NEO NEOCOLONIALSMO

O tempo do imperalismo está longe de ter fim

Há muito tempo os europeus, com seu estilo de vida mais cosmopolita e “avançado”, tomaram para si muito do que havia entre o começo e o fim do mundo. Continentes inteiros foram “colonizados” à ferro e fogo. África, América, Oceania, Ásia. Essa história muitos já conhecem: ingleses, franceses, portugueses, espanhóis chegavam em terras ainda pouco exploradas, e dali retiravam tudo que podiam, passando por cima daqueles que ficassem em seu caminho.

E isso foi chamado de colonização, como se ali já não existissem seres humanos; e civilização, mesmo que muitas vezes fosse necessário forçar os nativos à serem “civilizados”. Existem outras denominações para aquilo que ocorreu séculos atrás: dominação, genocídio, invasão…

Muito antes disto várias sociedades tinham vivido de forma bem organizada, colonizando outras terras. Aliás, vem do latim romano a denominação Colônia. Assim eram chamadas as ocupações feitas por romanos fora dos territórios dominados por eles.

Mas foi a partir do século XV que a colonização ganhou importância. A partir deste século que os centros europeus começam a, pouco a pouco, dominar as regiões da África e da Ásia, além de, é claro, a dominação completa da América. Sempre com caráter “civilizador”, as expedições capitaneadas por Portugal e Espanha, e mais tarde França, Holanda e Inglaterra, tinham como objetivo claro o acúmulo de riquezas alheias.

Defendiam, como parece de praxe até hoje, os “interesses” de cada país em determinado território. E assim, negociavam quando era possível – leia-se quando os líderes locais entragavam suas riquezas de mãos beijadas -, e matavam quando necessário. Assim foi feita a chamada colonização.

Boas Companhias

Foi no século XV que as Grandes Navegações começaram e depois delas a usurpação gradual daquilo que foi sendo descoberto. Foi assim na África, Ásia e América . No início a exploração era feita pelas nações estados, que logo passaram seus domínios para as Companhias das Índias – de capital privado. Cada Coroa tinha suas Companhias, que eram divididas, normalmente, em Companhia das Índias Orientais e Ocidentais. Cada uma destas cuidava dos tais “interesses” de cada nação  na Ásia,  África e na América, respectivamente. Essas Companhias tinham frotas de navios próprios, exércitos mercenários, e brigavam entre si pela ocupação de pedaços de terra além-mar.

Com o passar do tempo estas Companhias vão desaparecendo, passando suas dívidas eposses para os países exploradores: Portugal, França, Grâ-Bretanha e Holanda. Nas Américas é no início do século XIX que muitas colônias se tornam independentes, entre eles o Haiti e os Estados Unidos da América, além do Brasil e das várias colônias espanholas na América do Sul.

Já na Ásia e, principalmente, África o processo de independência só viria mais tarde, o que ajuda a explicar a situação de dependência de vários países da região até os dias atuais.

A Partilha da África


Foi no século XIX que os países europeus tomam realmente os países da África. E vários dos conflitos que levam à Primeira Guerra Mundial são iniciados nesta época. Cada país toma para si o que acha que é de direito, até que em 1884 Otto von Bismarck, diplomata alemão, organiza a Conferência de Berlim, uma proposta da Coroa Portuguesa, que via suas terras na África e Ásia serem tomadas por outras nações européias. Na conferência sentam à mesa para discutir o futuro de nações inteiras, além de Alemanha e Portugal: Espanha, Itália, Bélgica, Grã-Bretanha, França, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos, Suécia, o Império Áustro-Hungáro e o Império Otomano. Cada um reinvindicando para si parte dos territórios africanos. Ao fim da Conferência o mapa da África está completramente dividido aos moldes imperialistas, sem respeitar nenhuma fronteira já existente na região, ou os povos que lá já habitavam.

Os conflitos não acabam nessa época, e podem ser considerados inclusive, fatores importantes para a Primeira Guerra Mundial, em 1914.

Depois de décadas de dominação, pouco a pouco, as nações africanas vão ganhando a independência e, depois da Segunda Guerra Mundial, as lutas pela liberdade colonial ganham força.

Conferência de Bandung

Em 1955 25 países asiáticos e africanos (Afeganistão, Arábia Saudita, Birmânia (atual Mianmar), Camboja, Ceilão (atual Sri Lanka), China, Egito, Etiópia, Filipinas, Iêmen do Norte (atual Iêmen), Índia, Irã, Iraque, Israel, Japão, Laos, Líbano, Libéria, Líbia, Nepal, Paquistão, Síria, Turquia, República Democrática do Vietnã (atual Vietnã) e Vietnã do Sul (atual Vietnã)) se reuniram na cidade de Bandung, na Indonésia, para discutir as responsabilidades do, assim chamado, Primeiro Mundo, sobre a situação das ex-colônias, e também para tentar integrar os países, muitos deles recém-criados, numa cooperação afro-asiática, tanto cultural como economicamente, agindo contra qualquer nação que colocasse em risco suas autonomias, por exemplo Estados Unidos e União Soviética, que estavam na tão famosa Guerra Fria. Os líderes da época discutiam como seria possível haver maior autonomia entre as nações da região, sem a necessidade de potências controladoras. Como momento político, lembrou das resoluções da ONU, e foi além: falou em racismo e imperialismo como crimes, propôs, sem sucesso, criar um Tribunal da Descolonização, onde seriam julgados os crimes cometidos contra as nações africanas e asiáticas. Obviamente a ideia foi rechaçada pelos países mais poderosos europeus e o tribunal não saiu do papel. A Conferência ainda discutiu a mudança do eixo de conflito da Terra: ao invés do leste-oeste de URSS e EUA, falou-se em conflito norte-sul, entre países ricos e pobres.

Entre os Dez Princípios da Conferência estão: reconhecimento de todas as raças e nações como iguais, não intervenção nas políticas internas de outros países,  solução de todos os conflitos por meios pacíficos e respeito pela justiça.

Era 1955, e quase tudo que foi proposto na época acabou não acontecendo, muito pela força das superpotências da Guerra Fria, que estimulavam o belicismo e a intervenção em países estrangeiros, mesmo assim, esta Conferência ficou para a história pelo avanço diplomático daqueles países tratados como Terceiro Mundo e Subdesenvolvidos.

Como dizem, a história explica muito daquilo que somos e o que fazemos atualmente. Não é de hoje que os fracos e menores clamam por atenção e por justiça, ao mesmo momento em que os maiores e mais fortes pregam a liberdade enquanto agridem e destróem países e civilizações inteiras.

O caso do Haiti – Neo NeoColonialismo

Foram séculos de mandos e desmandos no pequeno país do Caribe. Ditaduras, Golpes e Tiranos (citados e explicados em As Veias Abertas do Haiti, aqui). Agora, depois do pior fato da história haitiana, o governo dos Estados Unidos mostra por que a história é tão importante para pensarmos no futuro e no presente. Depois do terremoto a ajuda humanitária chegava de todos os lados: Brasil, Europa, China. Na mesma semana as Forças Armadas Estadunidenses tomavam o aeroporto, desciam em helicópteros Black Hawks no gramado do Palácio Presidencial. Mostravam, sobretudo, a força que podem e querem ter no miserável e destruído país caribenho.

No aeroporto, o espaço, já minimizado, era tomado por aviões militares americanos que dificultavam a chegada de remédios e alimentos. Num caso mais que emblemático aviões da organização Médicos sem Fronteiras não puderam aterrisar no aeroporto da capital Porto Príncipe por que a prioridade era dos aviões militares americanos, como se no luto fossem necessários fuzis, e não alimentação e remédios.

A atuação norte-americana nada mais é do que um novo capítulo do colonialismo do primeiro mundo, passando sobre a soberania de povos já tão explorados. A história explica.

Foto de Expert Infantry (https://www.flickr.com/photos/expertinfantry/)
Foto de Expert Infantry (https://www.flickr.com/photos/expertinfantry/)

NEO NEOCOLONIALSMO, pelo viés de João Victor Moura

joaovictormoura@revistaovies.com

Fontes das imagens: wikipedia

Um comentário sobre “NEO NEOCOLONIALSMO

  1. Excelente a visão do viés. Gostaria de complementar o artigo com uma sugestão de leitura.
    As veias abertas da América Latina do jornalista uruguaio Eduardo Galeano.

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