NOSSA LUTA É MAIS DO QUE POR AUMENTO DE SALÁRIO

Carris/divulgação

O ano de 2014 é histórico para a nossa categoria! Esse ano, após a proposta da patronal de aumento de apenas 5,4% e o pagamento de R$ 40 de coparticipação no plano de saúde ambulatorial – que até então era gratuito –, decidimos entrar em greve. Nos primeiros dois dias de greve, cumprimos o acordado com a justiça de operar com 30% da frota. Ao final do segundo dia de greve, a justiça nos ordenou inverter o acordado e decretou que deveríamos circular com 70% da frota. Por conta disso, decidimos parar 100% dos ônibus. Tomamos essa decisão pois 70% da frota em circulação é o mesmo que 100%, pois 30% é a quantidade de carros médios que ficam em manutenção. Ou seja, a decisão da justiça no dia 28 de janeiro era de acabar com a greve!

Em resposta à tentativa da justiça em findar nosso movimento, a categoria dos trabalhadores rodoviários decidiu pela Greve Geral! Fato inédito em nossas lutas nos últimos 25 anos, pelo menos. Não foi uma decisão com objetivo de prejudicar o conjunto dos trabalhadores de nossa cidade. Porém, que instrumento tínhamos frente ao ataque que vínhamos sofrendo da patronal e, por fim, da justiça? Não tivemos escolha a não ser parar 100%. Esse foi o único caminho que encontramos para conquistar condições mínimas de trabalho. Além disso, frente aos altos índices de lucro das empresas com o nosso suor, é completamente possível a patronal atender às nossas reivindicações, que são mínimas.

Uma das coisas que nossa categoria mais sente na pele são as altas jornadas de trabalho. Muitos de nós, principalmente os trabalhadores das empresas privadas, tem jornadas de 14 horas com salários médios de R$ 1.500. Por exemplo: o trabalhador inicia sua jornada às 6h, faz intervalo das 12h às 15h (o motorista deve permanecer responsável pelo ônibus nessas 3h e o cobrador pelo dinheiro, ou seja, não param de trabalhar) e volta a circular até às 18h10. Sua jornada – já com duas horas extras – deveria terminar às 18h10, mas, como todos conhecemos o caos do trânsito porto-alegrense, este trabalhador chega atrasado à garagem e acaba por deixar a jornada com pelo menos uma hora de atraso. Não bastasse isso, esse período que ele trabalhou a mais (hora extra + atraso) é pago em folga que a empresa dá quando for conveniente a ela. Logo, o trabalhador escolha fazer hora extra, já o patrão pode escolher quando conceder a folga. Por diversas vezes o trabalhador levanta, vai até a empresa, se apresenta para o trabalho e só então recebe a notícia de que deve ir para casa a fim de compensar horas.

Então, é por conta dessas condições de trabalho – entre outras coisas como o estresse, o calor e risco de vida – que estamos lutando por melhores condições de trabalho, como jornada de 6h (que a nossa categoria já conquistou em diversas cidades do país, inclusive nossa vizinha Caxias do Sul) e o fim do banco de horas.

Essa é uma luta que não se restringe a nós, trabalhadores rodoviários. Sabemos que a maior parte dos trabalhadores passa por isso e essa é a razão que diversas categorias de trabalhadores estão apoiando nossa luta.

E por isso dizemos: Não tem história, é greve até a vitória!

NOSSA LUTA É MAIS DO QUE POR AUMENTO DE SALÁRIO, pelo viés do colaborador Maxx Frömming*

*Trabalhador rodoviário da Carris, membro do Comando de Greve e da Intersindical

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