Em sua frase célebre, o jornalista Joel Silveira ponderou: jornalista não é o que toca na banda. Jornalista é o que vê a banda passar.
Com todo o perdão de discordarmos, mas a banda está passando e não queremos apenas observá-la em tom de sépia. Jornalista, sim, é parte integrante da história, das bandas que tocaram – e que ainda tocam – e que jogam com o curso que os fatos tomam. Não somos apenas reprodutores impessoais de uma realidade que não construímos. Somos trabalhadores, edificadores da mesma trajetória que todos (e quaisquer) trabalhadores auxiliam a construir.
O primeiro de maio é o dia do trabalhador. Todos os dias são os dias do trabalhador. E, se estamos todos, diariamente, materializando nosso ofício, nosso trabalho, é porque somos todos agentes dessa mesma construção. Jornalista também é subjugado, assediado moralmente em seu ambiente de trabalho, terceirizado pelo serviço que presta, condenado por erros e falhas de seu ofício, trabalhador intelectual, mas que não usa menos o braço – e que, por conta disso, não se acidenta menos, não falece menos, não sofre menos pela pressão diária.
A clara soberba da intelectualização do jornalista vendou os olhos da sociedade para a rotina de produção desse profissional. Não só de especulações, de comentários, de digitações e conversas de bar – se o jornalista que sai às ruas e que gasta a sua sola da bota produzindo, reescrevendo a história, não é trabalhador como qualquer outro trabalhador, não julgamos dizer o que ele é. Jornalista está ali, tocando na banda, sofrendo pelos mesmos calos e sorrindo pela mesma música.
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No mês de maio a revista o Viés preparou duas edições especiais sobre o Mundo do Trabalho. Ao mesmo tempo, nosso objetivo é homenagear trabalhadores e trabalhadoras e ampliar o debate sobre diversos temas que compõe aquilo que foi denominado “Mundo do Trabalho”. Aos leitores desejamos boas leituras.
A Redação
