ENTREVISTA COM NADIR FERNANDES DOS SANTOS

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Meu nome é Nadir Fernandes do Santos, nasci em 31 de dezembro de 1950 na cidade de Rosário do Sul. Trabalhei na Swift Armour em 1969 durante um ano, no setor de frozen e eu trabalhava no departamento de carnes. Tenho muitas lembranças boas e muitas curiosidades também!

Uma das lembranças boas é que “nós comia” carne lá, ela era “cozinhada” e a gente levava temperinho de casa e comia a carne, eu e os colegas de trabalho, mas tudo escondido do chefe! (risos)

 Nadir conta uma coisa que aconteceu lá.

Nadir: Uma noite, um dia lá, eu subi numa escadaria pra verificar a pressão da água, a caloria da água, quando eu voltei caí num balde de água quente! (risos) Ainda bem que tava morna, não tava bem quente! (risos)

 Quais as principais lembranças particulares (rotina, amigos, curiosidades) que tens do período que trabalhaste lá?

Nadir: Isso que eu falei pra ti agora, todas essas lembranças que tenho da Swift. Na época, o pessoal, os funcionários, roubavam muita carne, colocavam no gorro, ou colocava na parte do peito “assim”, e atavam por dentro da roupa, era incrível o que acontecia lá em Rosário. O pessoal roubava muito, os funcionários, pegaram muita gente roubando lá.

 E qual a diferença da cidade daquele tempo pra hoje?

Quanto à cidade, “bah”, Rosário piorou com a saída da Swift. Foi uma briga interna, o prefeito da cidade não quis baixar os impostos, e a Swift já tava encerrando, já “tinha ganhado” muito dinheiro lá em Rosário, aí acabaram encerrando as atividades.

 E era muito desenvolvida a cidade naquela época?

Ah, a cidade era incrível né! Os táxis trabalhavam dia e noite, rodavam dia e noite! Rolava dinheiro na cidade. Todo mundo vivia bem, tranqüilo. Tinha cinema, tinha tudo, tinha parque, na época foi capital da ervilha! Inclusive havia desfiles na época da semana da capital da ervilha. Acredito que fechou na teimosia dos políticos de Rosário, e a teimosia dos próprios gerentes que não chegaram num acordo. Já “tavam” loucos pra sair de Rosário que já tinham faturado bastante lá.

 E o governo não ajudou?

O governo em hipótese alguma ajudou. O município pior ainda. O prefeito só “botou pilha lá” pra não pagar mais, pra Swift não continuar trabalhando. Depois foi aquela política né… Que existe na cidade até hoje… A cidade ainda existe os prédios lá, tudo totalmente destruído… Tomaram conta de lá. Houve uma época, não lembro o prefeito, mas liberou pro pessoal, e o pessoal foi retirando telha, madeira, saiam de caminhão cheio de lá. Teve gente que fez casa, gente que fez portões. Tá tudo em ruína lá. É uma vergonha aquilo lá.

Ainda tão tentando aproveitar algumas partes lá. Tem fábrica de móveis que funciona, tem uma firma de iogurte, tem várias firmazinhas trabalhando lá.

 E o que mais que tinha na cidade enquanto funcionava a Swift?

Ah, a cidade mudava! Cinema não existe mais, teatro nunca mais, capital da ervilha, hoje não é nada mais. Comércio era forte, hoje “tá” um fracasso total. Quer dizer que tudo mudou com a saída da Swift de Rosário O pessoal tudo debandou pra outras cidades…

 A cidade empobreceu?

A cidade ficou pobre, paupérrima. Quem se fez, se fez. Quem não se fez, ta lá batalhando.

 Muita gente trabalhou lá?

Sim, era na base de 3 mil funcionários por safra, imagina! A cidade com 30 ou 20 mil habitantes, dava 3 mil empregos diretos, fora os indiretos. Quase toda a cidade daquela época trabalhou na Swift. Eu comecei logo que desabrochei os 18 anos, e trabalhei um ano lá e depois saí de Rosário e não trabalhei mais. Já tava no fim mesmo. Tava fechando já. “Que” mais!?

 O senhor acredita que essa memória da Swift ainda é viva na cidade?

Sim, até hoje! E ficou gravado na memória do povo de Rosário a Swift. Ela fazia muito emprego, pessoal vivia muito bem. Rosário o pessoal viva bem mesmo, ninguém saia de lá pra trabalhar fora. Hoje tu vê o que tem saído gente de Rosário… É incrível. Região da Serra, Porto Alegre, Santa Catarina, Paraná. O que mais tem é rosariense espalhado por aí. Só na região da Serra parece que tem uns 10 mil habitantes de Rosário…

 Só fica na memória…

Ficou na memória gravado isso aí. O pessoal fala muito na Swift até hoje. Diz que o prefeito Rossignollo* que fechou a Swift, mas não foi só ele (que foi isso aí no governo Rossignollo que fechou a Swift), aí a politicagem de Rosário, “credo”, só “senta o pau” no Rossignollo lá porque ele fechou a Swift. Mas não foi… Na real a Swift já tava fechando. Fechou Livramento, fechou Rosário, fechou São Paulo. Eu tive visitando lá, a Swift São Paulo em Santo André, e fechou tudo, e acho que não existe quase nenhuma mais.

*Nota: Rossignollo é referência ao Prefeito Municipal José Luiz Bolzan Rossignollo, que governou a cidade na gestão de 1977 a 1982 (quando a empresa fechou) e novamente na gestão de 1989 a 1992

 E o que produziam exatamente?

Eram conservas de ervilha, milho, seletas de legumes, carnes, tinha “tipo” um patê de carne, era tudo feito lá mesmo, confeccionado, enlatado e mandado pro exterior. Até hoje tu encontra no mercado dos grandes centros. Eu mesmo achei até um enlatado de ervilha da empresa Swift. Tem ainda! Deve ter em algum lugar por aí afora, lá por Rio de Janeiro, São Paulo Brasília… Deve ter. É uma multinacional, eu acho que isso aí vem de fora, nem é daqui do Brasil, pode até ser importado, vir do exterior.

 Ah, agradeço muito seu depoimento!

Assim, jovem, que bom se pude ajudar vocês nessa entrevista aí! Obrigado e tchau!

Entrevista concedida à historiadora Tainá Valenzuela.

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