MELHOR ASSIM

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Teresa Cristina, a sambista que sorri ao cantar o choro.

Teresa Cristina é, em minha humilde opinião de admirador do samba, desde meus antigos ídolos de Cacique de Ramos até os contemporâneos, a melhor sambista do ano de 2010 e deve seguir 2011 com o posto.

O DVD “Melhor Assim” não poderia ter recebido título melhor. É emocionante vê-la cantar, e mais emocionante ainda, é sentir, desde que conheci sua voz, rosto e ginga, sua humildade com a plateia e com os convidados. Teresa Cristina parece perceber sua importância sem querer basear-se nela, novamente por humildade, para tornar-se aquele estilo “musa” de cantora, que chega ao palco pedindo todas as luzes e palmas.

A cantora nasceu em 1968, na Cidade Maravilhosa, e é apontada como uma das responsáveis pela renovação da vida noturna do Bairro da Lapa, no Rio, o reduto mais sambista e boêmio do Brasil.

Assistir Teresa Cristina e o também abissal Seu Jorge cantando “Pura Semente” resume o que é ser uma verdadeira sambista. A diferença do cantor para o sambista é fácil de ser percebida e explicada. Se a letra e a composição entristecem, falam dos amores fugidos, das memórias, das saudades, das dificuldades da vida, o cantor se fecha dentro de um corpo encenado de amargura. Já o sambista, com raras exceções, e Teresa Cristina não é uma delas, canta a letra que for

Quando começou
Era diferente
Tinha o nosso amor
A pura semente
Que desfaz as mágoas
E traz a ilusão
Era o nosso amor
Numa só canção
Tanto tempo fez,
Mudar a nossa vida
E a nossa canção
Não foi mais ouvida
Ficou reduzida
Hoje é só refrão
Do nosso amor
Só recordação
E foram os melhores momentos
Que me fizeram pensar
Por que sem tentarmos de tudo
Deixamos o amor acabar
Se a solidão é castigo
Fizemos por merecer
Quem mata o amor na semente
Merece sofrer

mantendo a cadência do samba nos olhos, no sorriso triste e nos passos ritmados dos melhores, aqueles que mesmo sem poder agradecer todos os dias a vida, respeitam o samba. Na hora do samba, tudo é irrelevante, o samba é o artista da roda ou do show, o intérprete é apenas o canal entre a perfeição das letras e melodias com o povo. O samba é a magia e dele ninguém reclama, para ele, todos nós devemos a graça de poder ouvi-lo.

Teresa Cristina, em “Bonifácio”, de Márcio Valverde, Luciano Caroso e Carlos Colavolpe, mostra porque é a sambista do(s) ano(s). A energia da voz com a energia do rosto de Teresa Cristina. A simplicidade e o desejo de estar só, em frente a centenas de pessoas, olhando para algum lugar, procurando por Bonifácio, “Era uma vez um grande mestre da cuíca. Bonifácio, bom de tudo, bom de samba, bom de nada”. O melhor do que nem se pode chamar de show. O que Teresa Cristina e seus convidados, como Caetano Veloso, Marisa Monte, Pedro Baby, Lenine e Arlindo Cruz fazem é um espetáculo de roda, daqueles que os pés no sofá de casa acompanham e o corpo em transe aos poucos saracoteia timidamente de um lado para o outro sambando da forma que cada um sabe sambar: do seu jeito. 

 

MELHOR ASSIM, pelo viés de Bibiano Girard

bibianogirard@revistaovies.com

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