Sobre a mídia e sobre nós

Arte: Bibiano Girard.

Mulher, se não quer ser assediada, não use roupas provocantes e não ande sozinha! Não perturbe o seu parceiro com a sua TPM, controle-se mulher! Mulher moderna, aproveite a nossa promoção pelo seu dia e compre os nossos eletrodomésticos que irão ajudar você a cumprir as suas obrigações em casa. Você deixou ele fazer o vídeo, não se deu ao respeito, agora não reclame, mulher!

Na semana de luta pelos direitos das mulheres, essas são apenas algumas das mensagens que recebemos através da mídia. Se expandirmos nosso olhar no tempo, veremos que não para por aqui.

Mulher, você vai tomar posse no cargo mais importante do país. Mas, falemos do que interessa: você não tinha nada para vestir que não parecesse uma cortina, mulher? Mulher, você ia fazer um aborto, então não reclame se for presa e fotografada com o rosto no chão. Você é uma criminosa, mulher! Mulher, você tem que ser magra e eternamente jovem, compre a nossa revista e aprenda como fazer isso.

A mídia não tem, é claro, o poder de nos dizer como ou o que pensar sobre o papel da mulher na sociedade, sua sexualidade e seus direitos. Mas a mídia historicamente atua reforçando uma serie de estereótipos machistas.Ela exerce, através das mensagens que dissemina massivamente, um papel quase ditatorial de nos dizer o que/como fazer/ser para nos tornarmos boas mulheres. Para isso devemos ser boas donas de casa, boas de cama, boas mães – para os filhos e o marido, magras, bem humoradas, compreensivas, temos que ser…, temos que fazer… Recentemente também entrou nessa lista que temos que ser profissionais bem sucedidas, sem descuidar, evidentemente, de todo o resto.

Muito a nossa luta já conquistou e cada vez menos nós, mulheres, aceitamos essas mensagens e padrões sobre nós. Mas ainda vivemos em uma sociedade patriarcal, com uma mídia que, com raras e honrosas exceções, trabalha simbolicamente pela sua perpetuação.Assim, dia 8 de março, importante em todo o seu simbolismo, é mais um dia em que seguimos lutando por nossos corpos e contra as instituições de uma sociedade machista e seus padrões e opiniões sobre nós. Seguiremos lutando até que todas sejamos livres.

Sobre a mídia e sobre nós, pelo viés da colunista Bruna Andrade*.

*Bruna é redatora do Jornalismo B.

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