VI UM HOMEM CHORAR

Como o maior partido de esquerda dos anos 80 se tornou igual a todos os outros.

Era o dia 3 de novembro de 1981. Naquele momento, naquele exato momento, quando Leonel Brizola, chorando, rasgava um papel com as letras P, T, e B escritas à mão, começava a história de um dos maiores partidos da esquerda brasileira. Naquela hora, quando Ivete Vargas ganhava na justiça o direito de usar a sigla de seu avô, e deixava órfãos milhares de petebistas, nascia, ainda sem nome, o PDT, Partido Democrático Trabalhista. Hora essa que ganhou até poema, de Carlos Drummond de Andrade:

“Vi um homem chorar porque lhe negaram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos. Vi uma mulher beber champanha porque lhe deram esse direito negado ao outro. Vi um homem rasgar o papel em que estavam escritas as três letras, que ele tanto amava. Como já vi amantes rasgarem retratos de suas amadas, na impossibilidade de rasgarem as próprias amadas.

 

Vi homicídios que não se praticaram mas que foram autênticos homicídios: o gesto no ar, sem conseqüência, testemunhava a intenção. Vi o poder dos dedos. Mesmo sem puxar gatilho, mesmo sem gatilho a puxar, eles consumaram a morte em pensamento.

 

Vi a paixão e todas as suas cores. Envolta em diferentes vestes, adornada de complementos distintos, era o mesmo núcleo desesperado, a carne viva; E vi danças festejando a derrota do adversário, e cantos e fogos. Vi o sentido ambíguo de toda festa. Há sempre uma antifesta ao lado, que não se faz sentir, e dói para dentro.

 

A política, vi as impurezas da política recobrindo sua pureza teórica. Ou o contrário… Se ela é jogo, como pode ser pura… Se ela visa o bem geral, porque se nutre de combinações e até de fraudes? Vi os discursos…”

É difícil, eu diria até que é impossível, escrever algo sobre o PDT sem falar, e muito, de Leonel de Moura Brizola, e vice-versa. Brizola nasceu em meio às revoluções do Rio Grande do Sul, onde hoje é a cidade de Carazinho. Viu seu pai, maragato, ser morto por um chimango, na sua frente. E teve uma infância difícil, pobre. Alfabetizado por sua mãe e amigos da família, conseguiu uma bolsa de estudos e foi morar em Porto Alegre, sozinho. Trabalhava à tarde para estudar de manhã. E conseguiu cursar engenharia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Isso, a educação, foi determinante para a formação ideológica de Leonel. Ele percebeu que com educação, e só com educação, é que um pobre poderia ser alguém na vida, poderia viver em um outro Brasil.

Começou a militar no PTB, o antigo, ao se encantar com as idéias de Getúlio Vargas. Rapidamente tornou-se conhecido na política gaúcha, elegendo-se deputado estadual, e logo em seguida sendo nomeado secretário de obras do estado. Foi prefeito de Porto Alegre, e nem sequer completou o mandato, pois logo se elegeria governador do Rio Grande do Sul. Em quatro anos, construiu mais de 6 mil escolas pelo estado, as brizoletas. Também liderou o movimento pela posse de João Goulart, quando da renúncia de Jânio Quadros à presidência da república. Em 1964, Leonel Brizola já era o principal nome da esquerda brasileira, e pressionava Jango pelas tão esperadas reformas de base. Mas veio o 1º de abril, e o golpe…

15 anos depois, o Brasil era outro. Brizola fugira, morara no Uruguai, em Portugal, e até nos Estados Unidos. E agora retornava. Chegava a uma São Borja cheia de esperanças, pois seu nome era a exata antítese do que os brasileiros haviam vivido, da repressão, da censura. Leonel Brizola significava liberdade, significava mudança. Ainda em Portugal, Brizola organizara uma série de reuniões para reaver seu antigo partido. Juntara as mais importantes lideranças da esquerda brasileira. Mas o baque que sofreria com a perda da sigla para Ivete Vargas se mostrou significante. O PTB de Brizola perdeu quadros importantes no tocante à defesa de democracia, que preferiram continuar no então MDB. Perdeu também a chance de aproximação com um grupo embrionário, de sindicalistas e intelectuais, que consideravam Leonel um demônio por defender a figura do fascista Getúlio Vargas, e que, mais tarde fundariam o Partido dos Trabalhadores.

Apesar de tudo isso, Brizola manteve-se firme, e, junto com outros trabalhistas, fundou o PDT. Seu partido tinha (e tem) dois documentos que serviam de base para a ação política: a Carta Testamento de Getúlio, e a Carta de Lisboa, idealizada inicialmente como a carta de refundação do PTB, quando suas lideranças ainda estavam no exílio. E, em 1982, o PDT se mostrou vitorioso em suas ações. Foi o único partido a romper a polarização entre PDS (ARENA) e PMDB, e conquistar um governo, justamente o do Rio de Janeiro, com Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. À época, a realidade da esquerda brasileira era o partido de Brizola, e não o PT, que ainda se formava, lentamente.

No Palácio da Guanabara, o PDT deu início à sua reforma educacional. Darcy Ribeiro, o vice-governador, inspirado pela social-democracia européia, idealizou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública), a escola pública onde o menino pobre tinha ensino de qualidade, esporte e comida, em tempo integral. Oscar Niemeyer projetou os CIEPs para que estes fossem rapidamente construídos, com um baixíssimo custo. Aliás, o Sambódromo do Rio de Janeiro era um CIEP, o maior deles, que emprestava, uma vez por ano, sua estrutura para o Carnaval. O problema é que, ao construir os CIEPs, o PDT mexeu com muita gente. Com gente que não gostaria que um menino pobre tivesse a mesma qualidade de educação de um rico. Com gente que sabia que alguém bem educado começa a contestar a desigualdade na qual vive.

Brizola, com enorme apoio popular, era o mais promissor candidato a presidente. Seus adversários, sabendo disso, tentaram de tudo para difamá-lo. Desde sabotar as urnas em 1982, o conhecido escândalo da Proconsult, até relacionar sua política de Direitos Humanos nas favelas fluminenses com o aumento da criminalidade e do tráfico. Em 1986, Darcy Ribeiro foi lançado candidato ao governo, pois a reeleição era proibida, e perdeu para o PMDB.

Durante esses quatro anos, o PDT havia mudado, também por culpa de seu líder, diga-se de passagem. Em 1983, em uma reunião em Mendes (RJ), foi assinada a Carta de Mendes, que pregava a defesa da social-democracia, e a conquista do poder para mudar “pelo alto” o Brasil. O professor de história Aurélio Fernandes, militante histórico do PDT fluminense, considera essa Carta como o início da decadência ideológica do partido: “A partir daí, com o passar dos processos eleitorais, o PDT afasta-se das lutas sociais concretas dos excluídos e afunda cada vez mais na vala comum da participação exclusivamente parlamentar e eleitoral dos partidos de elite. Essa realidade alimentou o crescimento do eleitoralismo, que subordinou toda a ação política do partido à possibilidade de conquistas eleitorais, e contribuiu sobremaneira à derrota de Brizola frente a Lula, no primeiro turno em 1989.”

Talvez numa tentativa de tornar a figura de Brizola mais “tragável” para os conservadores, o PDT foi se transformando, se abrindo. Aceitou em seus quadros os famosos “puxadores de voto”, que pouco ou nada tinham de trabalhistas, e tornou-se heterogêneo. Enquanto o PT crescia por todos os cantos do Brasil, o PDT estava se tornando um partido regional, como o PMDB de hoje, sem unidade ideológica. No final dos anos 80, isso era menos visível, mas os militantes sabiam que a real força do partido estava no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, justamente “os estados” de Brizola.

Mas, nem toda essa mudança foi suficiente para levar Brizola ao Palácio do Planalto. O que parecia ser vitória certa acabou como uma frustrante derrota no primeiro turno. E o PDT foi diminuindo. Não em número de filiados (o partido é hoje o quinto em número de filiados no Brasil), mas em poder e militância política. Com a maior valorização os cargos públicos, a militância começou a ser deixada de lado: “Cada vez mais a política vai sendo vista de forma liberal, como uma disputa pela filiação e apoio dos políticos profissionais, e o partido funciona por espasmos e a reboque do processo eleitoral de dois em dois anos. Isso alimentou o crescimento do eleitoralismo, afastou o partido das lutas sociais concretas do povo trabalhador, tornando inorgânica e inócua a atuação dos militantes nas lutas de massas dos movimentos sociais, e subordinou toda a ação política do partido à participação exclusivamente parlamentar e eleitoral” completa Aurélio.

Porém o PDT manteve por bastante tempo sua força, talvez pelas figuras que o representavam, como o próprio Brizola, Neiva Moreira, Luis Carlos Prestes, Darcy Ribeiro, Pedro Ruas, etc. Só que eles não são eternos… Não foi à toa que muitos políticos de nome, com cargos importantes, foram expulsos do partido por não seguir sua linha ideológica trabalhista inicial, entre eles César Maia e Anthony Garotinho. Já outros saíram quando tiveram a oportunidade de cargos melhores, como Dilma Roussef e Miro Teixeira.

Entre as décadas de 80 e 90, o partido obteve vitórias importantes nas urnas, como a reeleição de Brizola ao governo do Rio, em 90, e também os governos gaúcho (Alceu Collares), capixaba (Albuíno Azeredo), mato-grossense (Dante de Oliveira), paranaense (Jaime Lerner), e fluminense mais uma vez (Garotinho). Dos eleitos citados, apenas Collares manteve-se no partido. No segundo mandato de Brizola como governador, o PDT voltou a construir CIEPs, totalizando 600 em oito anos não consecutivos de governo. O partido também tentou levar seu plano educacional ao âmbito nacional, e apoiou o presidente Fernando Collor de Mello na construção dos CIACs, mas, com o impeachment do alagoano, o projeto não seguiu adiante.

Em 1994, Leonel saiu novamente candidato a presidente, e em 1998, se ofereceu para ser o vice na chapa de Lula. Já em 2000, Brizola concorreu à prefeitura carioca, e em 2002, ao senado. Em todas essas tentativas o PDT perdeu, e por muito. Mas ele continuava a acreditar que essa era a melhor escolha, que conseguiria eleger mais pedetistas para cargos legislativos se continuasse a concorrer. Plínio de Arruda Sampaio, um dos fundadores do PT, hoje militante do PSOL, credita a Brizola o fraco desempenho dos petistas em qualquer eleição no Rio de Janeiro, e ainda diz que considera Leonel um homem íntegro “que nunca roubou nem se vendeu. Sofreu muito, mas manteve-se fiel aos seus ideais. Tentou mudar o Brasil de algum jeito”.

Leonel de Moura Brizola morreu em 2004, e, para muitos militantes pedetistas, levou seu partido consigo. O PDT já estava em crise, com muita gente querendo entrar na base governista de Lula. Brizola mantinha-se firme: considerava o presidente um traidor, que aderira ao neoliberalismo assim que chegara a Brasília. Mas a tentação era imensa: cargos, poder, dinheiro. Não por acaso, Leonel ameaçou fechar o PDT:“Qualquer dia desses, eu fecho esse partido e vou fundar um Movimento Nacional de Libertação… Os políticos nunca vão criar vergonha!”. Brizola se aproximava de setores mais radicais, como os expulsos do PT após a Reforma da Previdência; e a direção do PDT tendia ao outro lado, tendia a Lula.

Com a morte de seu líder, o PDT mudou ainda mais. Mesmo lançando Cristovam Buarque à presidência em 2006, declara apoio a Lula no segundo turno, e logo é convidado a comandar o Ministério do Trabalho. Carlos Lupi, presidente licenciado do partido, ocupa o ministério até hoje. Para Juliana Brizola, neta de Leonel, e vereadora pelo PDT em Porto Alegre, o governo Lula, por mais decepcionante que seja para o trabalhador, ainda trouxe avanços. Ela também acredita que só por manter a legislação trabalhista de Getúlio, já vale à pena a união com o PT e a manutenção do ministério.

Muitos militantes históricos não pensam o mesmo, e consideram uma traição ao brizolismo o apoio ao governo Lula. Aurélio Fernandes, por exemplo, saiu do partido nesse ano, e agora se dedica à construção de Círculos Bolivarianos nas favelas fluminenses: “Hoje tenho muito claro que o futuro do Brizolismo passa longe desse PDT que se degenerou. Por tudo isso, depois de 27 anos, me desfiliei do partido por coerência com o brizolismo […] O PDT não mais representa a memória de Leonel Brizola e menos ainda o brizolismo como instrumento de libertação nacional e social do Brasil. Não vejo mais nenhuma possibilidade de aprofundar quaisquer discussões políticas nas instâncias desse partido, e ocorrer uma mudança em seus descaminhos. O PDT se degenerou em mais um partido eleitoral inserido na lógica eleitoreira da falsa polarização petucana. Pedro Ruas, uma das maiores lideranças do PDT gaúcho, foi para o PSOL, e é líder de seu novo partido na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Outros ainda tentam a retomada da linha programática pelo meio da luta interna, mas, hoje, são minoria no partido.

Juliana mantém-se no PDT por respeito a seu avô. Percebeu que a única maneira de fazer-se ouvir internamente era com votos, e resolveu concorrer ano passado. Diz também que nunca iria para outro partido, e sim, se afastaria da política, caso o PDT desse um giro ainda mais radical. Além disso, considera que a heterogeneidade do partido se deve à falta de uma grande liderança e à política eleitoreira: “Por isso eu sou da tese de que não é muito importante a quantidade, o que é importante é a qualidade. De que adianta a gente ter uma grande bancada, se ela não for comprometida com a causa? Se não houver uma unidade em prol das coisas que sempre foram defendidas pelo trabalhismo? […] Mas, estou aí, tentando ver o quanto eu posso defender isso dentro do partido, lutar pra que o partido não seja totalmente assim. É uma luta bem difícil, mas eu não perco as esperanças”.

Quer seus filiados e militantes admitam ou não, o PDT, 28 anos depois, é um partido completamente diferente daquele idealizado quando Leonel Brizola, chorando, rasgou a folha com as letras P, T e B. Tudo parecia que ia dar certo, “O socialismo era o futuro do Mundo. O Brasil ia voar justo e livre sem as algemas dos milicos, Brizola ia ser presidente…” disse Carlos Neves, também ex-pedetista fluminense. O partido, hoje, se resume às eleições, e, mesmo assim, só tem um governador. A esperança esquerdista se foi para o PT, e, de lá, se perdeu. O PDT é, simplesmente, um partido comum…

VI UM HOMEM CHORAR, pelo viés de Mathias Rodrigues

mathiasrodrigues@revistaovies.com

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8 comentários em “VI UM HOMEM CHORAR

  1. Muito bom, Mathias..
    E concordo com o Brizola nesse aspecto, A Mudança passa necessariamente pela Educação, mas temos tbm que repensar o nosso modelo Educacional de hoje.
    Investimentos são a nossa maior carência no setor, com certeza, mas só investimentos e construção de escolas ainda não resolveriam os nossos problemas. Além destes investimentos precisamos de uma revolução cultural nesse aspecto, pensando para quem e para quê serve o nosso modelo educacional vigente.
    Grande Abraço, irmão…
    e mete bala que tá muito bom teu artigo..

  2. Muito bom o artigo Mathias. Com certeza a história de Brizola é inegavelmente cheia de dificuldades e bela. O poema de Drummond é uma síntese daquele que foi e queria continuar sendo com aqueles que se venderam e traíram. Negar o protagonismo contraditório deste sujeito na recente história do Brasil é omitir.
    Parabéns pelo artigo.

  3. Mathias, gostei do seu texto e a forma que desenvolveu suas idéias. Quanto ao conteúdo, tenho minhas ressalvas. Achei que tomastes a opinião dos entrevistados como sua própria, deixando de lado um sem número de críticas históricas dirigidas a Leonel Brizola. Antes de mais nada, aonde se discute a questão do caudilhismo e o fato dele querer dar uma continuidade ao caudilhismo. Vai tentar me convencer que o PDT “socialista” (ligado à Internacional Socialista) é o sucessor de um PTB? Achar que o trabalhismo getulista tem alguma coisa de socialista (que Olga Benário fale sobre isso…) é um delírio, surgido de medidas que surgiram justamente para conter o movimento dos trabalhadores… Ou não foi Getúlio (e o PTB) que impuseram aos trabalhadores uma legislação trabalhista baseada no fascismo italiano (se não me engano: na carta del lavoro). É essa a tradição que Leonel Brizola chorou por não manter a sigla? Sindicatos atrelados à estrutura de governo, algo bem parecido com o que acontece atualmente (usando as mesmas regras…) , com o atrelamento da CUT, Força Sindical ao governo petista. Se você observar, quando se fala de 64, longe de ser uma reação da direita contra um comunismo inexistente, os militares berraram contra um governo sindicalista (leia-se, de sindicalistas “oficiais”), baseado no apoio de direções sindicais. A idéia foi a criação de uma casta sindical, burocrática e afável com o poder. O resultado você viu: a resistência contra o golpe não teve o apoio popular. Os militares pintaram e bordaram, como quiseram. Na verdade, a própria ditadura militar se apossou da estrutura de poder, acentuando as tintas, reprimindo “dentro da lei” e apenas acrescentando regras que “corrigiam” a lei trabalhista original. Ou seja, o trabalhismo era nada mais, nada menos, que a utilização de trabalhadores contra os próprios trabalhadores, com vantagens para o capital externo, para a elite e para os militares (esses, utilizados para fazer o trabalho sujo).
    Quanto ao discurso da Educação, isso até a direita pré-histórica pregava, voltada exatamente para a construção de uma intelectualidade de elite, que identificava conceitualmente o pequeno grupo de afortunados. Não se trata, evidentemente, de uma mera demonstração de vontade ou catecismo político. O que não se discutia (e não se discute) é o tipo de educação (confundida atualmente com a “democratização” do acesso à universidade), que continuou (e continua) reproduzindo a sistemática ideológica do poder. E o Brizola foi exatamente instrumento disso, de um grupo liberal democratizante, que agia mais para conter a insatisfação popular do que mudar alguma coisa. De esquerda e socialista, só os discursos.
    Só uma pessoa que viveu a liberdade sabe o que é escravidão, o escravo apenas sabe que sofre… Pegue o Prouni, as cotas etc e está aí a tônica do pensamento trabalhista…
    Bom, de qualquer forma, gostei do seu texto. Voltamos a Discutir.
    PS: e quanto à educação, o PDT (“herdeiro” do PTB) somente teve algum respaldo por causa, não de Brizola, mas de Darcy Ribeiro. Foi este, e não Brizola, que fundamentou a política de assistência educacional integral. O outro apenas se apossou dos louros…

  4. Bom texto, Mathias. Porém concordo com o professor Rondon no momento em que ele diz que você tomou as opiniões dos entrevistados como suas.
    O PDT é hoje um partido regional, isso está consolidado, assim como é o PMDB e como o PT está em rápido processo de se tornar também. Mas acho salutar a luta interna de uma minoria que tenta recuperar a linha que historicamente o PDT defendeu, por acreditar (eles) no trabalhismo e que o PDT ainda é a alternativa que representa ou pode voltar a representar as ideias de Brizola.
    Apesar de gostar da história pessoal do ex-governador, acredito que faltou uma abordagem mais crítica da carreira política e menos romantizada da figura de Leonel Brizola.

  5. Ahhh, Mathias…
    outra coisinha que tinha esquecido de comentar. Talvez pela tua distância das questões internas da política gaúcha, não saiba muito bem o que se passou por aqui entre 1998 e 2002. Como a gente conversava e isso é sabido por todos, o peso do PDT foi fundamental para a vitória eleitoral de Olivio Dutra em 98.
    Acontece que, como você bem destacou, o PDT é um partido regionalizado. E há diferenças muito fortes até mesmo dentro do PDT do RS. Foram essas diferenças que forçaram uma saída do PDT do governo Olívio. Na época, os secretários estaduais que eram do PDT não se retiraram do governo, e o próprio PDT perdeu quadros no estado. Entre eles estava a hoje ministra Dilma Roussef. Dilma não saiu do PDT por uma “oportunidade de cargos melhores”, ela saiu do PDT para continuar no governo Olívio Dutra que tinha uma política alinhada com as concepções dela, e se manteve no cargo de secretária de Minas e Energia (detalhe: a Dilma ocupou a mesma pasta no governo pedetista de Alceu Collares). Foi a ação de Dilma frente à Secretaria de Minas e Energia que fez com que o presidente Lula a convidar para o Ministério de Minas e Energia e posteriormente ao Ministério da Casa Cívil, como forma de limpar a imagem do governo depois da crise do mensalão federal. Lembrando também que nos 8 meses do apagão do governo FHC, o estado que menos sofreu com a crise no setor foi o RS por, diferentemente do governo tucano, ter investido na geração de energia.

  6. ótimo texto, só modificaria essa frase:
    A esperança esquerdista se foi para o PT, e, de lá, se perdeu.
    gostaria de acrescentar:
    a esquerda coerente se erguera em um novo partido sob a bandeira do PSOL

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