Mudanças no ingresso na UFSM revoltam pré-vestibulares e empresariado local

Foto: Marcelo de Franceschi

“Mostrar quem é que manda nesse país”: essa foi uma das frases ditas pelo empresário Paulo Brandt, um dos organizadores da chamada “Manifestação Pública contra a forma como foi extinto o vestibular da UFSM”, ocorrido na manhã de hoje.  O empresariado e estudantes de cursinhos particulares protestavam contra a decisão do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) que decidiu pela extinção do vestibular da UFSM já nesse ano, pelo ingresso exclusivamente pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), baseado no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e por 50% de cotas para a Universidade.

O ato, iniciado pouco antes das dez da manhã, teve como ponto inicial a Praça Saldanha Marinho e seguiu até a Antiga Reitoria da Universidade. Inflamados por representantes das entidades empresariais da cidade e por professores de cursinho particulares, dezenas de estudantes acompanharam o ato com palavras de ordem contra o reitor Paulo Burmann e a decisão tomada na última quinta-feira, 22.

Sobre um caminhão de som, as declarações mantinham um mesmo coro, colocando como alvo principal das críticas a maneira como a decisão foi tomada e já prevendo um novo ato para a próxima quarta-feira, 4 de junho, dessa vez no campus da UFSM. Os manifestantes prometem trancar a Avenida Roraima, principal via de acesso à sede da Universidade. Apesar da reiterada posição de criticar o método, e não o teor das decisões em si, foram diversos os momentos em que outras intenções foram aparentes.

Foto: Gregório Lopes Mascarenhas

Classificando como “a segunda maior tragédia de Santa Maria”, Paulo Brandt falou em “ditadura” e até disse estar com “ciúmes dos índios”, em referência às manifestações de povos indígenas ocorrida ontem em Brasília e duramente reprimida pelas forças policiais.

No centro de Santa Maria, porém, o ambiente era outro. Com cartazes que iam do “UFSM = zuera nenhuma tem limites” até “partiu Acre”, os estudantes se manifestaram sem maiores problemas entre a Praça e a Antiga Reitoria, ciceroneados por entidades como a Câmara de Comércio e Indústria de Santa Maria (CACISM), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação dos Jovens Empreendedores de Santa Maria (AJESM) e a União Santa-mariense dos Estudantes (USE). O Sindicato da Indútria da Construção Civil (Sinduscon), o Sindicato dos Lojistas do Comércio Varejista (Sindilojas), o prefeito Cezar Schirmer e a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) não estiveram presentes durante a manifestação, mas demonstraram publicamente apoio à iniciativa.

Alguns estudantes presentes também falaram ao microfone, em declarações que foram do sentimento de revolta com a decisão até declarações que bradavam por uma “invasão” e um posterior acampamento na Reitoria da Universidade.

Foto: Gregório Lopes Mascarenhas

O ato programava inicialmente um abraço simbólico à Antiga Reitoria, na rua Floriano Peixoto. Porém, um “contra-ato”, organizado nos últimos dias em redes sociais e encabeçada pelos estudantes de Direito da UFSM, um dos cursos situados no prédio, acabou frustrando os planos dos organizadores da manifestação. Esse “contra-ato” teve como mote a defesa da decisão da Universidade, vendo nela uma maneira de democratização do ensino público de nível superior. Faixas com dizeres como “A UFSM não pode ficar refém de interesses elitistas! Educação não é mercadoria” e “Não vai ter copa, vai ter cotas” já estavam fixadas na entrada da Antiga Reitoria.

Por alguns minutos se instalou uma certa tensão entre os dois grupos, com trocas de acusações inclusive por meio do carro de som. Um dos integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) chegou a falar no microfone, argumentando a favor da decisão do CEPE e contra a movimentação que, como declarou, seria organizada pelos empresários da cidade.

Logo depois, o presidente da CACISM, Luiz Fernando Pacheco, elevou – ou rebaixou – a discussão ao nível pessoal, questionando ao integrante do DCE se ele teria origem numa família rica ou pobre. À resposta do estudante – que disse ser de família pobre e não ter estudado em pré-vestibulares particulares –, Pacheco contrapôs que “então o vestibular nem é tão injusto assim”. Demostrando seu apreço aos valores democráticos, o líder empresarial ainda mostrou-se descontente com a atitude dos estudantes que organizaram o contra-ato, acrescentou que “nós não incomodamos as manifestações de vocês”. Minutos depois, com o ato dado por encerrado, os dois lados da manifestação chegaram a debater, em pequenos grupos, o teor das decisões anunciadas na última quinta-feira. Dois atos já foram programados para a próxima quarta-feira. Um contrário à decisão do CEPE, que deve acontecer no campus da UFSM. Outro, intitulado “II Marcha pela Educação Pública”, ainda sem local definido.

Foto: Marcelo de Franceschi

MUDANÇAS NO INGRESSO NA UFSM REVOLTAM PRÉ-VESTIBULARES E EMPRESARIADO LOCAL, pelo viés de Gregório Lopes Mascarenhas e João Victor Moura

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