MULHERES DE MAGRITTE

“Em épocas remotas, as mulheres se sentavam na proa das canoas e os homens na popa. As mulheres caçavam e pescavam. Elas saíam das aldeias e voltavam quando podiam ou queriam. Os homens montavam as choças, preparavam a comida, mantinham acesas as fogueiras contra o frio, cuidavam dos filhos e curtiam as peles de abrigo.

Assim era a vida entre os índios onas e os yaganes, na Terra do Fogo, até que um dia os homens mataram todas as mulheres e puseram as máscaras que as mulheres tinham inventado para aterrorizá-los.

Somente as meninas recém-nascidas se salvaram do extermínio. Enquanto elas cresciam, os assassinos lhes diziam e repetiam que servir aos homens era seu destino. Elas acreditaram. Também acreditaram suas filhas e as filhas de suas filhas.”

(Eduardo GaleanoMemória do Fogo I – Os nascimentos.)

Participante do Núcleo VAGAPARA – coletivo de artistas cênicos que atua em Salvador (BA) desde 2007 – a artista Isabela Silveira ganhou um edital da FUNARTE voltado para residências artísticas em Pontos de Cultura. Motivada pelo fim de seu casamento, a artista decidiu trabalhar com as questões de identidade da mulher na sociedade, que tanto rondavam sua cabeça. Foi assim que ela chegou à Maria Mulher – Organização de Mulheres Negras, fundada em 1987 em Porto Alegre (RS), que desenvolve trabalhos com vítimas de discriminações de gênero, classe e raça e procura promover a cidadania através da proposição de políticas públicas que visem à igualdade de direitos.

Isabela inseriu-se no grupo freqüentando as aulas de formação profissional ofertadas pela Organização, exibindo vídeos de outros artistas e propondo aulas de dança. Mas mais do que aprender a dançar, as mulheres do Maria Mulher estavam interessadas em dividir suas experiências com a artista.

Assim sendo, Isabela partiu dos questionamentos a respeito de identidade, realidade e aparência que identificou na obra do artista belga Renné Magritte e começou a trabalhar com as tensões entre masculino/feminino e o com o processo de perda de identidade pelo qual aquelas mulheres passavam devido à submissão aos seus parceiros.

Assista abaixo ao vídeo “Mulheres de Magritte”, que mescla dança aos testemunhos de mulheres vítimas de violência doméstica:

  • Realizado através do edital Interações Estéticas – Residências artísticas em pontos de cultura (FUNARTE);
  • Melhor vídeo experimental do ValeCurtas – festival de curtas do Vale do São Francisco 2009 (Petrolina –PE e Juazeiro BA – BRA);
  • XIII ENEARTE – Encontro nacional de estudantes de artes 2009 (Salvador – BA – BRA);
  • Bienal Internacional de Dança do Ceará 2010 (Fortaleza – CE – BRA);
  • SEU – Semana Experimental Urbana (Porto Alegre – RS – BRA);
  • Cuerpo Digital – festival de videodanza 2010 (La Paz – BOL);
  • Festival Videodanza Ecuador 2010 (Quito – ECU);
  • Sessões mês da mulher no Teatro Gamboa Nova, em maio de 2011 (Salvador – BA – BRA),
  • Festival Itinerante De Solos e Coletivos 2011 (Barreiras, Bom Jesus da Lapa e Santa Maria da Vitória – BA – BRA);
  • Repertório VAGAPARA, no Theatro XVIII, em junho 2011 (Salvador – BA – BRA);
  • Lançamento do projeto VAGAPARAÇÕES – Autonomia e Colaboração, no Espaço Baluar7e, em outubro 2011 (Salvador – BA – BRA).

FICHA TÉCNICA:

  • Um videodança de Isabela Silveira
  • Direção: Isabela Silveira, Rodrigo de Luna e Renato Gaiarsa
  • Câmera: Rodrigo de Luna e Renato Gaiarsa
  • Edição e Montagem: Caio Rubens e Renato Gaiarsa
  • Orientação de Movimento: Márcio Nonato
  • Trilha Sonora: Luisão Pereira e Fernanda Monteiro
  • Produção executiva: Isabela Silveira
  • Suporte artístico-afetivo: Núcleo VAGAPARA
MULHERES DE MAGRITTE, pelo viés de Felipe Severo
felipesevero@revistaovies.com

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