HIP HOP NO BECO

Microfones, bandeiras, mesas e uma caixa de som: na tarde ensolarada do dia 15 de janeiro, com pouco mais do que isso, ocorreu no Beco da Tela, ocupação localizada na Vila Schirmer, Zona Leste de Santa Maria, o 5º Hip Hop na Pracinha. O evento itinerante, realizado periodicamente pelo Coletivo de Resistência Artística Periférica (CO-RAP), tem lugar em diferentes bairros e vilas da cidade de Santa Maria, e surgiu com a ideia de ser uma atividade  recreativa, com som, grafite, apresentações e microfone aberto – um pouco diferente do Guerrilha da Paz, outro evento realizado pelo CO-RAP, o qual ocorre em escolas e é mais voltado a práticas e oficinas. Com pouca estrutura e muita vontade, o coletivo procura levar atividades culturais para regiões da cidade que dificilmente são agraciadas com as iniciativas oficiais.

Na quadra de concreto, na qual se chega por uma via de terra e da qual se pode ver as ruínas das antigas oficinas da Estação Férrea de Santa Maria, quase aos pés do morro Cechela, o equipamento de som foi instalado e bandeiras pintadas pelo grafiteiro Vico Pax completavam o ambiente dominado pelo som. À medida que o sol forte baixava e as árvores permitiam áreas de sombra, os moradores na quadra aumentavam em número – primeiro as crianças, depois jovens e adultos.

Entre as crianças, além das brincadeiras habituais de um domingo, a diversão era dançar break ao som do rap nacional ou das apresentações dos grupos de rap que integram o coletivo. Entre os garotos, a dança de movimentos livres e ondulados ocorria como uma disputa individual, um desafio que poderia parecer um ensaio de briga, não fossem os sorrisos nos rostos. O clima era de descontração, embora o assunto das letras fosse sério. Vez que outra, um movimento ou uma rima produziam gritos de incentivo.

No Beco – que na verdade são vários becos, ou, como disseram as crianças nos versos que improvisaram ao microfone aberto, um “becão” – residem cerca de cem pessoas, em casas normalmente pequenas que se dispõem em torno das ruas estreitas de terra e, ás vezes, são costuradas por fios de luz que cruzam as vias de chão batido à altura da cabeça. Além do serviço de luz praticamente ausente, não existe saneamento básico e o esgoto, a encargo de cada morador, permanece a céu aberto.

A tarde, na quadra de um local onde tudo indica que o representante público que aparece com mais frequência é a polícia, só acabou à noite, depois de o microfone passar por diversas mãos estreantes – algumas delas, inclusive, mãos femininas, provavelmente encorajadas pela firmeza e pelos incentivos das minas do coletivo, as MCs Gabeat Box e Flavinha Manda Rima. O equipamento de som, que chegou carregado em um carrinho de supermercado, dentro dele refez o caminho de volta, com a ajuda de várias mãos, para fora do Beco.

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HIP HOP NO BECO, pelo viés de Tiago Miotto.
tiagomiotto@revistaovies.com

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