II Marcha da Luta Antimanicomial de Santa Maria: bem-vindo ao meu delírio

Na tarde do último domingo, dia 18 de maio, realizamos na cidade de Santa Maria a segunda edição da Marcha da Luta Antimanicomial, evento este, alusivo ao Movimento pela Desinstitucionalização e Reforma Psiquiátrica, cujo intuito é lutar para que as pessoas usuárias dos serviços de saúde mental sejam acolhidas em seus “territórios de vida”, ou seja, nos locais em que nós estabelecemos nosso circulo social e afetivo, construímos nossa história ao lado da família e dos amigos trabalho, cultura, lazer, etc.

Um dos exemplos de serviço público que prioriza este modo de cuidado ampliado e compartilhado em saúde são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Os Caps são locais que atendem na lógica “porta aberta” e acolhem as demandas relacionadas tanto a questões envolvendo transtornos mentais graves ou psicose de crianças, jovens e adultos, quanto a de pessoas que buscam auxílio para casos de uso abusivo de álcool e outras drogas.

Nos Caps, através do trabalho interdisciplinar, busca-se a corresponsabilização da família e da sociedade em geral, para com o cuidado e autonomia aos frequentadores dos serviços da rede psicossocial. Uma das formas que encontramos para lutar pelo cuidado ampliado e compartilhado do usuário da rede de saúde mental foi realizarmos a segunda edição da marcha que neste ano teve como tema: Bem vindo ao meu Delírio. Parte da minha Loucura também é Loucura sua.

O movimento social pela luta antimanicomial é uma composição plural e de caráter horizontal, sem gerenciamento ou personificação, e isto ajuda a nos “colorir” coletividade. Temos presente nesta militância: frequentadores dos Caps, profissionais da saúde mental, residentes, estagiários, estudantes das áreas da saúde, áreas sociais,  artes cênicas, Redutores de Danos, voluntários e uma diversidade de pessoas e Coletivos envolvidos pela causa, como por exemplo, o Coletivo de Resistência Artístico Periférica (CO-RAP), parceiro do Caps AD Cia do Recomeço.

 A marcha deste ano realizou intervenção com o centro da cidade, através do seu caráter artístico com militância, que visa à libertação da loucura presa em cada um de nós. Buscamos o afeto, o respeito à diferença e, principalmente, o diálogo como abertura de espaço e o reconhecimento a cada sujeito singular na sua diferença, para que possamos viver a sua a nossa loucura de cada dia e acessarmos serviços públicos que preconizem o cuidado compartilhado com a família e a sociedade.

Um recado a todas as pessoas, de uma lutadora que viveu transbordando afeto e vida, que nos dá coração e saúde mental: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Vou lhes fazer um pedido: vivam a imaginação, pois ela é a nossa realidade mais profunda. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas ajuizadas”. 

Este trecho de uma famosa frase da Terapeuta Nise da Silveira é um lema de vida das pessoas que seguem lutando pelo direito de vivermos e darmos liberdade de vida a quem está preso pela Sociedade.

 

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

II MARCHA DA LUTA ANTIMANICOMIAL DE SANTA MARIA:  BEM VINDO AO MEU DELÍRIO, pelo viés do colaborador Thiago Alves* e fotos de Tiago Miotto.

*Thiago Alves é psicólogo residente do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD) Companhia do Recomeço.

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