O Habitat criado por Amaro Abreu

Obra da exposição "Habitat", de Amaro Abreu.
Obra da exposição Habitat, de Amaro Abreu

Estudante de artes visuais da ULBRA, em Porto Alegre, Amaro Abreu tem 26 anos e trabalha com o grafite há dez. O artista iniciou suas produções através da pixação, a qual considera sua “porta de entrada” para o grafite. Além de desmitificar argumentos do conhecido senso comum que, em sua maioria, classificam o pixo como “sujeira” e o grafite enquanto “arte”, Amaro reconhece e defende a raiz transgressora presente na arte urbana.
Desenvolvendo o trabalho artístico em múltiplas expressões – na rua, em quadros, murais e oficinas – Amaro esteve em Santa Maria entre os dias 15 e 17 de maio, para participar das comemorações de aniversário de seis anos da Subsolo Art. Convidado para apresentar a exposição Habitat¹, o artista portoalegrense reuniu 18 peças que apresentam críticas sociais de forma curiosa e atraente. Misturando cores, seres inanimados – outros nem tanto – e ambientes (extra) terrestres, Amaro cria paisagens únicas que refletem a subjetividade do próprio artista e a forma como questões cotidianas do ser humano podem ser vistas sob perspectivas distintas.
A revista o Viés conversou com Amaro Abreu e conheceu um pouco mais desse Habitat. Abaixo, você confere breves relatos do artista, assim como ilustrações e registros de sua passagem pela cidade.
 Como foi o processo de concepção de Habitat? Quantas outras exposições você já fez?
Amaro Abreu: Desde criança eu sempre tive uma conexão muito forte com desenho e uma curiosidade por vida em outro planetas. Comecei copiando, mas depois senti necessidade de criar algo pessoal. Houve um longo tempo do momento em que senti essa necessidade até criar personagens com características próprias, com uma identidade visual que fosse só minha. Depois de ter conseguido isso, se iniciou outro processo de como eu iria trabalhar e o que eu iria transmitir com isso. Foi então que veio a vontade de criar outros seres, plantas e paisagens que se misturassem com os personagens. Nesse momento, sem perceber eu estava juntando as coisas que mais gostava: o desenho e o meu imaginário de um universo paralelo. Então, percebi também que estava passando os valores que eu achava que estavam se perdendo com a evolução do ser humano. Os valores relacionados com a convivência harmônica com a natureza e os outros seres que vivem no mesmo Habitat. Sempre tento acrescentar situações novas em cada pintura, criando um planeta distante, com vida emocional e biológica e cheia de possibilidades. Essa mesma exposição iniciou em Porto Alegre, passou por Canoas, Bagé, Nova Prata e agora Santa Maria; estou tentando levar para outros lugares.
 Durante o final de semana (16 e 17 de maio), diversas atividades foram realizadas junto a crianças da escola Paulo Freire. De que forma a arte urbana contribui nas discussões de crítica social e desenvolvimento de campos como a Educação?
Amaro: Eu não realizei oficinas no Colégio Paulo Freire, mas realizo há 4 anos com crianças em Porto Alegre. Acho que, assim como o aprendizado, a criatividade é extremamente importante para o desenvolvimento. Pois é ela que vai fazer você criar possibilidades e resolver problemas da vida cotidiana. Mesmo que não tendo uma discussão clara sobre isso, faz com que o contato com desenho e com pessoas desperte um interesse. Abrindo um caminho para começarem a prestar mais a atenção em coisas que estão em nossa volta. Além de ocupar o espaço dos alunos com atividades interessantes, que podem servir para o seu futuro e distanciar das drogas e violência. Essas atividades fazem com que naturalmente se fale de pequenos assuntos reflexivos no campo da Educação.
 Muitas pessoas não compreendem a relação transgressora presente na arte de rua. De que forma você acha que eventos como o aniversário da Subsolo contribuem para colocar em debate esse assunto?
Amaro: Antigamente, a arte de rua era muito mais vista como marginal do que agora. Com o passar do tempo, foram feitos diversos eventos que mostraram qualidade no trabalho, revelaram artistas, criaram discussões e atraíram a mídia. Então, a mesma mídia que falava ser uma arte transgressora e que sujava a cidade, começou a falar de uma arte que embeleza os lugares. Eventos como o da Subsolo reforçam essas idéias positivas do grafite e ganham cada vez mais espaço nas discussões no campo das Artes Visuais. Acho bom o grafite estar em eventos e galerias, mas penso que não deve perder nunca a parte transgressora.
 Há algum (ou alguns) projeto(s) diferentes em vista para o próximo período?
Amaro: Continuo com o projeto de oficinas para crianças. Também penso em levar a exposição Habitat para outras cidades do Brasil e sigo produzindo novos quadros para fazer futuras exposições.
¹ As obras de Habitat continuam expostas na loja Subsolo Art e lá permanecem por mais 20 dias.
Acesse aqui a página do artista e confira mais trabalhos produzidos.
           
       
 
O Habitat criado por Amaro Abreu, pelo viés de Marina Martinuzzi

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