A MARCHA DAS VADIAS EM SANTA MARIA, 2013

Há dois meses, antes de grandes mobilizações transbordarem nas ruas do Brasil, mais de quarenta pessoas já pensavam em conjunto uma Marcha que carrega no nome o combate à opressão. As “vadias” brasileiras ressignificam, com a força do choque terminológico, o que significa a busca pela liberdade em defesa das próprias escolhas. Ser vadia, assim, é ser livre para escolher que roupa usar, ser livre para abortar com segurança de uma gravidez indesejada, ser livre dos rótulos da moda e da indústria da beleza e ser livre sexualmente.

No sábado chuvoso do fim de julho, os batuques se ouviam à distância da Concha Acústica, local tradicional para a concentração de Marchas que, em seguida, adentram o centro de Santa Maria. Na Concha, um número considerável de pessoas, haja vista a chuva gelada que prenunciava a mais forte frente fria vinda do pólo nos últimos vinte anos, pintavam cartazes, camisetas e corpos como preparação a mais uma jornada de luta pelo reconhecimento da mulher como igual ao homem e pelo fim da opressão.

No trajeto que percorreu as principais ruas da cidade, gritos como “Tirem seus rosários de nossos ovários”, “Sou mulher negra, quero respeito, mulher não é só bunda e peitos” e “Eu não aturo o Estatuto do Nascituro” marcavam o passo e demarcavam as principais demandas das mulheres.

A Marcha das Vadias assim, não é só sobre liberdade sexual, nem só sobre a legalização do aborto, ou sobre a lutra contra homofobia, ou contra medidas governamentais que desagradam (como o veto da presidente Dilma à equiparação salarial entre os sexos, ou a simples existência de um Estatuto do Nascituro em discussão no Congresso e a chamada “Bolsa Estupro”), ou sobre a imposição de um modelo de beleza que não contempla, e assim discrimina, a maioria das mulheres. A Marcha é sobre todas essas demandas e muito mais, é um grito que vibrou pelo Centro de Santa Maria no sábado 20 de julho, assim como vibrou em várias partes do país nessa e em outras datas, para tratar de um tema posto de lado nas mesas de jantar, nas conversas de bar e nos veículos de imprensa: os direitos de as mulheres serem absolutamente livres.

           

A MARCHA DAS VADIAS EM SANTA MARIA, 2013, pelo viés de João Victor Moura (texto) e Gianlluca Simi e Tiago Miotto (fotos)

 

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