Bordergate: as cancelas da fronteira

(Imagem de fundo: Arquivo da Biblioteca Nacional Digital. Arte da marca: Felipe Holman)

Este texto contém uma brevíssima apresentação do projeto de pesquisa que estou desenvolvendo (2014-2017) no doutorado em Teoria Crítica e Estudos Culturais na Universidade de Nottingham (Reino Unido) a servir de base para um chamado para colaborações sobre seu tema geral: fronteiras. O projeto é orientado pelo professor Colin Wright e pela professora Jane-Marie Collins e o título provisório da tese é Bordergate: a postcolonial critique of international borders in Rio Grande do Sul (Cancela da fronteira: uma crítica pós-colonial das fronteiras internacionais no Rio Grande do Sul).

O estudo das fronteiras

A ideia mais simples sobre a fronteira é a de que ela é o limite — a barreira, o fim. Por definição, a fronteira representa a divisão fundamental entre entidades individuais, especificamente, aqui, entre entidades políticas (o país, a nação, a pátria etc.), dentro das quais se formam comunidades através de poderes centrais que, em última análise, caracterizam-se em oposição àquilo que as fronteiras mantêm para fora. Essa divisão é, no entanto, ambígua, pois, ao mesmo tempo que protegem o centro de ameaças estrangeiras, as fronteiras também acabam por inevitavelmente justapor diferentes entidades num arranjo de contato iminente. Isto é, não há fronteira unilateral; ela sempre requer dois ou mais ‘lados’.

O objetivo desta pesquisa é superar a ideia de que a fronteira é um mero mecanismo de separação e, a partir da compreensão do cotidiano nas borderlands (algo como ‘regiões de fronteira’) do Rio Grande do Sul, adotar uma visão da fronteira como a origem de um projeto de integração consistente entre e além dos limites nacionais.

A pesquisa se ocupa da experiência das fronteiras internacionais do Brasil com a Argentina e com o Uruguai, uma região fronteiriça historicamente porosa, onde se mesclam as culturas do que são, tecnicamente, países diferentes — pondo em xeque as noções vestfalianas de que o Estado-nação moderno seja a construção de um aparato de poder soberano construído a partir de diferenças etno-culturais essenciais.

Nessa região — e, suponho, na verdade, em qualquer região de fronteira aberta — é praticamente impossível definir rigidamente identidades homogêneas e isoladas, pois estas-cá seguem padrões traçáveis mas fluidos de trocas materiais e simbólicas, que não necessariamente se arrematem às fronteiras interestatais.

Ou seja, ao fim desta pesquisa, pretendo poder responder a esta pergunta:

Que projeto de integração pode surgir das formas em que os povos das regiões fronteiriças (borderlands) do Rio Grande do Sul com a Argentina e o Uruguai já interagem cotidianamente e estabelecem relação sociais e culturais transfronteiriças?

Como colaborar?

Em 2016, passarei alguns meses em trabalho de campo nas regiões de fronteira do Rio Grande do Sul. Isso, no entanto, requer um certo entendimento amplo de antemão de como a fronteira é entendida por quem lá vive — o que, na verdade, possivelmente envolva não só as pessoas que vivem nas cidades à fronteira mas toda a população do Rio Grande do Sul já que a fronteira faz parte do imaginário regional.

Por isso, peço colaborações de todas as estirpes para este projeto: sugestões de filmes, vídeos, fotografias, mapas, canções, romances, poemas, documentos históricos (de tratados, por exemplo), cartas entre pessoas que vivem de lados diferentes da fronteira, recortes de jornais e revistas ou simplesmente sugestões e recomendações gerais. Enfim, tudo e qualquer coisa, por mais irrelevante que pareça, pode servir de fundamento para se entender o cotidiano da fronteira.

Se tiveres algo, podes enviar diretamente para bordergate17@gmail.com. Caso tenhas mais perguntas sobre o projeto e queiras mais detalhes sobre o embasamento teórico, por exemplo, já que esta é uma rápida apresentação, podes contatar-me em gianlluca.simi@nottingham.ac.uk

Bordergate: as cancelas da fronteira, pelo viés de Gianlluca Simi

gianllucasimi@revistaovies.com

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