MANIFESTO POR UMA SOCIAL COMUNICAÇÃO

Não quero mais saber de lirismo que não seja libertação (Manuel Bandeira escreveria). E que poesia maior do que a própria vida, o que seria?  Da construção da mesma, o que dizem? Como é possível viver, como é possível reviver ou reconstruir a vida, seus percalços, sem libertação? E a busca pela liberdade não é a busca pelo individualista direito de dizer o que se quer. É de dizer o que se deve. Se comunicadores somos, a libertação buscamos.

Não queremos mais saber de jornalismo que não seja subversão, completamos. Sondamos a mesma lógica, que se encaixa na mesma noção de que para nós, assim como para dezenas de pessoas que se propõem a fazer uma comunicação mais social, o jornalismo não pode mais ser retratado como o ofício da tinta e da folha brancas. Transmitir a informação, apenas, é o que mesmo? Sem revolta, sem sangue, sem medo, sem anseio, sem sonhos. O raio-x dá uma chapa completamente branca. Peguemos essa chapa branca e a quebremos, bem ao meio: a “missão de dar a notícia primeiro” deve ser substituída pela de ajudar a melhorar e completar a vida das pessoas.

A maioria dos autores reconhece que a objetividade plena é impossível no jornalismo, mas admite isso como uma limitação, um sinal da impotência humana diante da própria subjetividade ao invés de perceber essa impossibilidade como um sinal da potência subjetiva do homem diante da objetividade“.  (Adelmo Genro Filho)

Não nos cabem os sentidos que querem traduzir a imparcialidade. Não nos comovem as notícias, as reportagens, os fatos e as fotos que não queiram, em sua essência, carregar os marcos de uma luta. Nosso cotidiano é permeado de lutas. Os trabalhadores e as trabalhadoras, do Brasil, da América Latina e do mundo não estão construindo seu cotidiano por cima dessa imparcialidade medonha. Somos colocados à prova diariamente. Somos chamados às lutas a todas as horas, a todos os momentos.

Não nos completa um jornalismo que seja feito com o objetivo de trazer “os dois lados da moeda” como lema, mas que não foge à perversidade da manipulação e da defesa da ordem, da manutenção do capitalismo e da exaltação das desigualdades. O jornalismo que cala centenas de vozes apenas porque se mantém gritando o grito da ordem. Dos poderosos. Do dinheiro. A imprensa, assim como um negócio, quer lucro. E o lucro não combina com a luta. O lucro não combina com a igualdade. Os objetivos são nefastos, mas o discurso é brando. O discurso é neutro. Nada mais nefasto à luta cotidiana do que a omissão. O que seria a imparcialidade, meus caros, se não a omissão? O consentimento com a mesma? Não, a omissão mata. A omissão reproduz o que está feito e não o que pode ser mudado.

Nada causa mais horror à ordem do que os descontentes com a mesma. Nada causa mais horror ao jornalismo ‘bundão’ do que cidadãos comunicadores, do que comunicadores ativos, do que ativos lutadores, do que lutadores posicionados.

Nosso jornalismo tem posição porque o mundo o tem. Desde a queda do Muro de Berlim, que “decidiu” que a Alemanha não seria mais dividida em duas, os brados dos neoliberais recém-nascidos alertavam, erroneamente, para o fim da história. Tomar um lado tornou-se crime. Todos os cidadãos do mundo por cima de um muro que já caíra. Os preceitos iluministas de verdade, objetividade, liberdade de imprensa somaram-se a todas as demais frases feitas do neoliberalismo. A isso, ficamos presos e amarrados. Não há um só dia em que um telejornal em rede nacional não brade manhoso por culpa da liberdade de imprensa. Liberdade para dizer o que quiser, quando e como quiser, mas sem a prerrogativa de ouvir quando possível nem de construir quando devido. Que imparcialidade é essa, que “nojinho ao jornalismo posicionado” é este, que, quando convém, assina com tinta branca, bradando pela liberdade de empresa que a imprensa é, porém, sem resgatar que o povo, as pessoas, os agentes sociais e políticos, deveriam ser os principais atores da comunicação SOCIAL?

Não queremos a liberdade de imprensa. Queremos a liberdade dos povos. Queremos a liberdade de comunicação. Não é a imprensa que precisa dizer aquilo tudo o que quer, sem nem ao menos respeitar as consequências e as responsabilidades de seus ditos. O jornalista está a serviço da comunidade. Desenterremos o social da nossa comunicação. Saibamos que serviço público não significa apenas denúncias, mentiras, violência, abuso, exibicionismo, manipulação. Nosso jornalismo tem posição porque os seres humanos a têm. Porque temos lado. Porque não estamos retratando falsamente uma realidade: estamos a construindo. E queremos a construir para todos e melhor! 

Optamos por este Manifesto para introduzir uma série de Manifestos que, a partir desta edição, serão postados no Viés: A dor (e a alegria) da gente não sai no jornal – Manifesto por uma Social Comunicação. Somamos a nossa voz à muitas vozes mais, que seguirão somando, para argumentar, opinar, criticar, salientar – construir – uma social comunicação. O espaço está aberto!

MANIFESTO POR UMA SOCIAL COMUNICAÇÃO, pelo viés da Redação.

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