DIÁRIO DE UMA PASSAGEM parte II

A simplicidade dentro de um paraíso, a capital peruana cercada de memória inca e a beleza do salar e deserto de Uyuni em meio a cobiça pelo lítio.

15h: No ônibus. Parece que quanto mais eu sei dessas pessoas e dessa cultura, mais coisas aparecem para serem entendidas. Estou sentada ao lado de uma chola*. Ela é muito nova – tem, no máximo, 25 anos – e segura sua pequena filha. A criança come balas para se distrair. O sorriso esboça uma precoce dentadura problemática. Quero saber mais dessa mãe e dessa filha. Desculpa moça, eu tenho uma dúvida. A questão do idioma sempre vem à tona quando enxergo famílias falando em quechua ou aymara, e não em espanhol. Com as crianças, em casa, vocês falam só quechua? O que elas aprendem primeiro? Ela olha para mim com o olhar baixo e responde Aqui nessa região a gente já fala aymara e em casa todo mundo aprende aymara primeiro. Depois, com o tempo, aprendem o castellano. Após a fala, vira instantaneamente o rosto para a filha. As cholas e suas famílias são muito fechadas e isso causa certa angústia: a de não conseguir ouvir deles o que eles pensam e sentem e como vivem. Na verdade, talvez eles não façam tanta questão de se expor assim.

19h: Já no hostel em Copacabana. A viagem ainda teve algo de estranho. Estávamos todos dormindo quando o motorista e um fiscal começaram a gritar Todos pra fora, todos pra fora! Não, não mocinha. Deixa as coisas aí, dentro do ônibus. O estranhamento foi geral. Quando saímos, nos explicaram que teríamos que pegar um barco para atravessar aquela parte da viagem. Era um trecho pequeno e, depois de comprar a passagem e atravessar o que já é o Lago Titicaca e esperar o ônibus ser atravessado, entramos neste outra vez para seguir. Chegamos aqui por volta das 18h, procuramos o hostel, agendamos nosso passeio para amanhã e saímos para conhecer a cidade.

Copacabana é um município bem pequeno. Tudo é muito simples e as grandes igrejas contrastam com o tamanho do local. São várias delas e algumas ainda datam do período colonial. Em um trecho da noite, seguimos o som de batucadas. Quando chegamos à fonte delas, encontramos um grupo jovem de música folclórica regional. Parecia um ensaio, pois estavam no quintal da frente de uma casa gradeada. Bebiam e tocavam. Um casal, vestido à caráter, dançava. Ficamos um tempo ali, até sairmos dançando de volta pelas ruas. O ritmo é bem animado e marcante.

No retorno, fomos até a beira do Titicaca. Uma rua tomada de bares – simpáticos e de todos os estilos – leva até às margens do lago. A maioria dos bares estava vazio, aguardando a alta temporada de turismo. Sob chuva fina e vento, observamos a orla, que lembra tudo de um mar, não fossem as montanhas não litorâneas no entorno.

6/12, 15h30: Saímos às 8h30 para o passeio à Isla del Sol, uma das ilhas do Titicaca. Foi uma hora e meia até a parte sul dela e alguns minutos mais até a parte norte. No norte, um guia local nos leva ao museu arqueológico e aos sítios incaicos e pré-incaicos. Entre perguntas e explicações, e com o fundo de uma paisagem surpreendente, ele conta sobre costumes e vida nos arredores do lago. A população local da ilha vive da pesca e da agricultura. Ultimamente, também trabalha com o turismo. A gente gosta, é o que diz o guia. Ele acredita que ensinando e entrando em contato com outros “mundos”, reforçam o seu, pois aprendem mais sobre si mesmos.

Na parte da ilha que visitamos, antes dos Incas e dos Tiwanacotas (povo pré-incaico), estava assentada a comunidade Chiripa. Os chiripas existiram desde o século XIV antes de Cristo até os primeiros anos da nossa era, quando foram incorporados à cultura de Tiwanaku*. Desde o tempo deles, os cultivos são feitos em andenes e em terrazas. A beleza dos plantios é enorme e o aproveitamento do solo é quase que total. Montanhas, que seriam de difícil uso para a agricultura, são percorridas até o topo por espécies de degraus – são os andenes, que servem para melhor aproveitamento da água e do solo. Muitos andenes atuais datam do tempo incaico. São degraus construídos de pedras resistentes. O sistema permite a alimentação das populações há milênios. As terrazas, por sua vez, são modelos de plantio realizados nos planos mais baixos. Em quadrados com limites pequenos, o milho e a quinua, por exemplo, são plantados.

Antes, nossos “abuelos” (palavra que, em português significa “avós”, mas que também tem conotação de sábios para os bolivianos) viviam cerca de 110 anos pela alimentação balanceada. Hoje, pela entrada da dieta industrializada com aditivos químicos, vivemos até uns 60. De fato, apesar da riqueza alimentar produzida pelas comunidades das ilhas, não é raro encontrar um pequeno quiosque com refrigerantes, salgadinhos e às vezes com uma batata frita saindo na hora do óleo. E, falando em indústria, até pouco tempo o Titicaca era limpo em toda sua extensão. Hoje, pela contaminação por plásticos, está poluído em algumas áreas.

Conversando sobre essas questões e sempre caminhando no sentido íngreme dos terrenos, chegamos ao templo Tiwanacota. Lá, há as pedras sagradas que são consideradas a 3ª energia do mundo e a mesa cerimonial, onde até hoje são realizados ritos aos deuses e às estações.

Para voltar ao sul da Ilha do Sol e pegar o barco de volta à cidade, há uma trilha de 9km pelo meio das montanhas e povoados. São algumas subidas difíceis com o sol alto e o vento soprando. Ao longo da caminhadas se mostram outras faces do lago. Azul celeste da água e montanhas ao redor. Ora ou outra um pastor passa conduzindo um rebanho de ovelhas ou de llamas.

Agora estamos voltando a Copacabana para pegas as coisas e seguir rumo a Cusco, no Peru.

18h30 (horário do Peru, 1 hora a menos que na Bolívia e 3 a menos que no Brasil): Saímos do ônibus e cruzamos a fronteira Bolívia-Peru. Burocracias, falta de funcionários. Quando apareceu um, as pessoas foram carimbando os passaportes, a fila foi se desmanchando e os passageiros voltando ao veículo.

7/12, 24h30: No hostel, em Cusco. Chegamos aqui às 6h30 da manhã de hoje, sob muita chuva. No meio da manhã, o sol abriu. Acertamos passeios a algumas ruínas para amanhã e para hoje de tarde e saímos a conhecer o centro histórico. A cidade é cheia de ruazinhas estreitas com calçadas quase inexistentes que desembocam na praça principal e na Avenida do Sol. Cada rua conta uma história. Em uma delas, uma criança explica que estávamos na frente da pedra de 12 ângulos, famosa por intrigar a imaginação de quais métodos usou-se para encaixá-la entre as outras. Não enconstem! A parede onde ela encontra-se está levemente inclinada. Ao lado da pedra, outras menores formando desenhos que passam quase despercebidos. Um puma e uma serpente, símbolos do plano Acapacha (terrestre ou atual) e do plano Mancapacha (subterrâneo ou de baixo) para as culturas andinas.

Depois de um bom almoço por 3,50 soles (cerca de R$1, 50), fomos aos passeios da tarde. Qosqo (verdadeira origem do nome atual Cusco), o umbigo do império Inca. Nos arredores dela, visitamos uma cidade refúgio dos incas e um centro cerimonial. Todos impressionam pela grandeza, pelas imensas pedras pesando toneladas que foram transladadas de lugares afastados até ali. Também fomos a um templo inca, hoje transformado em convento. Parte do templo está  visível hoje graças a dois terremotos. É que os terremotos fizeram ruir as construções realizadas em cima da obra incaica e trouxeram à tona as ruínas incas. Outra parte do templo foi destruída para a construção do convento.

Nosso guia, um senhor caricato que leva uma bandeirinha do Peru na mão que levanta quando quer chamar o grupo de turistas perdidos, explicava tudo criticamente, quase parecendo um bom historiador indignado. No templo, por exemplo, explicou a manipulação de uma pedra que foi transladada a um lugar para que parecesse uma mesa de sacrifícios. Eu já era guia quando vi tudo isso acontecer. Tiraram a pedra dali e colocaram aqui (em volta de ruínas de paredes) para que parecesse essa mesa. É verdade que os incas realizavam sacrifícios, mas não nesse local (onde hoje é o convento). Na frente da pedra há uma placa que indica o uso dela para cerimônias de sacrifício. Ao longo da tarde,  quando visitamos uma espécie de gruta onde de fato se cometiam sacrifícios, o guia iria explicar como eles se davam: quando uma pessoa importante morria, perguntava-se ao povo quem gostaria de acompanhá-la. Muitos se ofereciam e para estes era uma honra acompanhar um bravo guerreiro ou um parente do governantes ao plano Alarpacha (mundo espiritual), por exemplo. Eram escolhidos no máximo três pessoas para essa função. O sacrifício consistia em embriagar a pessoa e, depois, introduzir folhas de coca triturada na boca até que ela sufocasse. Parece estranho para nós, hoje. Mas há que se localizar o homem em seu tempo e espaço. Assim, analisando a ideologia política fundida com a religiosa, não é estranho imaginar tal prática.

De noite, conversamos bastante com o dono do hostel. Ele é boliviano e, com ele, falamos bastante sobre Evo Morales. Ele analisa positivamente e negativamente o presidente boliviano. Diz que o ruim do governo é que a Bolívia hoje está polarizada entre campesinos e nativos da região de Santa Cruz. O Evo, ao tomar partido dos campesinos, acirrou essa polarização. Santa Cruz abastece o país. É de lá que vem a maior parte do que é consumido, como carne e gás natural. Eles têm a agroindústria e cortam o fornecimento de produtos quando o presidente se esquece deles e aumenta impostos. Por outro lado, ele afirma que Evo Morales teve muita coragem ao “tomar de volta” muitas indústrias que estavam nas mãos de estrangeiros. Antes, mais da metade do lucro das empresas caía nas mãos de estrangeiros. Hoje não. O Evo, quando não conseguia negociação, simplesmente rasgava os papéis de contratos com as indústrias.

8/12, 9h30: Ontem, pela tarde, visitamos um conjunto de ruínas no chamado Vale Sagrado. São impressionantes e duas delas se diferenciam das outras por serem verdadeiras cidade vivas incas. As ruínas serviram para populações erigirem suas casas. Então, a maioria das construções é originalmente inca até a metade da altura da parede. As moradias são metade de pedra e metade de concreto. A cada ruína que visitamos, um corredor de mulheres e homens se forma para oferecer artesanatos para compra. Nas ruas de Cusco também é assim. São centenas, milhares de pessoas que sobrevivem do turismo e dos artigos que fazem. Vendem os produtos a preços baratos e se desesperam quando nenhum turista para para comprar. Seguem até as portas de ônibus tentando convencer a fechar negócio. Crianças vestidas tradicionalmente, ou segurando uma llama enfeitada pedem propina, por favor! (propina é o nome dado à “esmola”) quando veem que uma pessoa tirou foto delas. A pobreza é enorme, embora pareça um pouco menor que na Bolívia.

Agora, acabamos de cruzar a fronteira Peru-Bolívia. Muita burocracia novamente. Uma fila enorme que não andava. Levamos duas horas para realizar os trâmites. Quando chegamos na porta, notamos um dos motivos do atraso: chollas tentavam furam a fila e choravam aos fiscais pedindo para entrar. Senhores camuflados tentavam disfarçar-se no meio daqueles que já chegavam. Estes gritavam eeei, eei, tem gente furando a fila!!! Enquanto estávamos na fila, uma senhora deitada no chão batia um chapéu em minhas pernas. Ela não conseguia levantar e só conseguia chamar a atenção das pessoas assim, com o chapéu e com um gemido dolorido. Pedia moedas ou, pelo menos, um olhar de atenção.

A fronteira é bem suja, à luz do dia pode-se notar claramente. Meninos riem quando se pergunta por lixeiros. Ao longo das ruas, pessoas locais tomam o café da manhã que, na verdade, é uma grande refeição: arroz, batata, um caldo com carne ou peixe. Talvez pelos trabalhos duros de longas jornadas, a base do dia deve ser reforçada.

9/12, 9h: Da fronteira, ontem, seguimos a La Paz, onde passamos toda a tarde até tomar o ônibus até Uyuni. Foi a noite inteira de viagem. Da metade dela até o fim, o caminho tinha tanta pedra que o ônibus não parou mais de sacolejar. Parecia que estava sendo sacudido. Lá se ia o tempo de descanso. Estamos em Uyuni, pagamos uma ducha, pois a situação higiênica já estava feia e o passeio pelo salar e deserto de Uyuni só oferece banho em um dia. Agora estamos esperando que o nosso carro saia. Na viagem acompanharão a nós, cinco brasileiros, um boliviano e uma espanhola, além do motorista. É a primeira vez, em toda a viagem, que vejo um turista boliviano em meio a tantos gringos.

20h30: Hoje, o passeio no salar foi assim: iniciamos visitando um cemitério de trens. São algumas “carcaças” abandonadas desde a década de 1940. Os trens eram usados para transporte de minérios e, com o colapso mineiro da época, foram abandonados neste local, onde apodrecem com o passar dos anos. Alguns possuem inscrições sarcásticas realizadas como pichações. Así es la vida (assim é a vida), G. Busch, como este tren, terminás (G. Busch, como este trem, terminarás), Se necesita un mecánica con urgencia (Se necessita um mecânico com urgência) e Yo no tengo imaginación, lo que tengo es una urgencia infinita de vivir (Eu não tenho imaginação, o que tenho é uma urgência infinita de viver) são algumas delas.

Depois do cemitério, o motorista nos leva até o pequeno vilarejo onde as famílias que extraem sal realizam o processo de remoção de impurezas e de armazenamento. Entramos em uma das casas. Uma moça está abaixada sobre um monte de sal. Pega uma quantidade dele e embala. Uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Infinitas vezes por dia. Mostram a todos as máquinas rudimentares de remoção de impurezas e parecem não se incomodar com a invasão dos turistas. Eles falam também do preço do quilo do sal, que fica ao redor de 50 centavos de boliviano (cerca de R$0,12). Explicam que o sal não é produto de exportação, pois cada país tem sua reserva de sal. Ninguém importa, ninguém exporta.

Da visita, seguimos ao salar de Uyuni. Quando entramos nele, os olhos doem, cegados por tanto branco.  Ele é a maior planície salgada do mundo. No percurso, notam-se montes de sal bruto no solo. Cada família faz o seu, para depois ir recolher. Os montes parecem todos iguais, mas eles sabem exatamente qual é o seu.

A tarde se passa e, com ela, a paisagem do salar. Depois de uma parada para almoço, quando o motorista arma um guarda sol e serve a comida (quinua, carne de llama, omelete, salada e batata frita, além de Coca-Cola e água), a viagem corta a tarde. No fim do dia chegamos até aqui, um hotel de sal. Tudo é feito de sal: chão, paredes, mesas, cadeiras, camas… Apesar do dia cheio de paisagens e experiências, não via a hora de chegar. Estamos a 3.600 metros de altitude. Náusea, tontura, dor de cabeça. Folhas de coca (que ficam em bolsinhas penduradas pelo hotel para que qualquer um se sirva) ajudam na melhora, mas mal consigo levantar para ver o pôr de sol (que foi lindo e acompanhado de um pastor no horizonte conduzindo llamas) e para comer e já volto à cama.

10/12, 9h: Amanhaci bem. Hoje o dia será de visitas a lagoas e lagunas coloridas. Entraremos no deserto e sairemos definitivamente da zona do sal. Debaixo dessa zona pela qual passamos ontem, está uma das maiores reservas de lítio do mundo. A Bolívia tem sido chamada de a “Arábia Saudita do lítio”, devido a abundância do metal. O lítio é utilizado na composição de baterias leves, fonte de carros elétricos e híbridos, apostas de empresas como a  alemã Volkswagen e a japonesa Toyota e, por isso, é cobiçado pelas grandes potências.

A Bolívia, no entanto, não possui tecnologia suficiente para explorar sua riqueza. Por isso, no ano passado, foram ofertadas muitas propostas (por diversos países) para a extração do lítio. Evo Morales negou todas, pois quer, primeiro, conhecer capacidade das usinas nacionais e a composição exata dos metais presentes no salar. Escaldado por abusos passados de empresas estrangeiras, que engoliam sempre a maior parte dos lucros, Evo insinua que, sim, será necessário uma sociedade para a extração do lítio, mas que tal sociedade deve beneficiar em maior parte a nação Boliviana. O governo ainda não abriu licitação para escolher a melhor empresa para parceria, mas deve pensar nisso logo. Pensar em uma maneira de não permitir o abuso estrangeiro, mas também não afastar os gringos pois isso afastaria qualquer possibilidade de aproveitamento do lítio. Nosso motorista, sobre isso, diz Acho que está para acontecer logo a extração. Aproveitem enquanto podem passear por aqui. Depois, tudo isso vai mudar. O turismo pelo salar, segundo ele, não vai ser tão fácil assim.

20h: Chegamos a um alojamento bem simples que fica quase no meio do nada. Ao redor, só deserto e algum animal andando com a solidão. Aqui, os quartos são para 8 ou 10 pessoas.  Não há possibilidade de banho. Quem cuida do alojamento são, em maioria, mulheres – as famosas cholas. De noite, confirmamos algo que corria como boato antes. Motoristas dos jeeps e guias se divertem na casa, anexada ao alojamento, com as cholas. Saímos para ver o céu, e as estrelas, que parecem ser infinitamente mais numerosas, dão a impressão que estão logo acima de nossas cabeças, tamanha é a altitude. Enquanto estamos fora, sob um frio de aproximadamente 0ºC (no inverno chega a -25ºC), ouvimos as risadas da farra das cholas, que parecem ficar dias na solidão só esperando esse momento.

A tarde foi um refresco para os olhos, embora o sol no deserto não seja nada refrescante. Íamos adentrando o deserto e, em alguns trechos, da areia de repente surgia algo colorido. Eram as famosas lagunas. Laguna Hedionda, Laguna Celeste, Laguna Colorada. Todas coloridas por acúmulo de algas e minérios que, reagindo, formam cores magníficas. Flamingos voam e bicam a água em busca de comida. Paramos também em algumas formações montanhosas. Algumas exibiam vulcões em plena atividade ao fundo, outras possuíam conchas coladas em si, lembrando-nos que ali, a milhões de anos, exitiu um mar.

Vamos jantar agora em uma mesa bem grande que reúne  turistas de vários carros. Esses momentos sempre sao especiais, cheios de troca de experiências e culturas. Amanhã, depois de uma visita a águas termais e a outra laguna, voltaremos à cidade. Será praticamente todo o dia só para retornar, fechando os aproximados 3000km de viagem em três dias e duas noites.

11/12, 19h: Já chegamos de volta à cidade. A viagem foi bem cansativa, mas de manhã ainda pudemos conhecer mais lugares interessantes. Cedinho fomos ao local dos geysers, que sao nascentes termais que cospem água e vapor e enxofre (por isso não cheiram nada bem). No pé dos geysers há um líquido que está sempre com a suave temperatura de 500ºC e, por isso, é preciso se conter e não chegar muito perto. Olhando esses geysers, temos a impressão de que estamos em outro planeta. É uma imagem surreal. Passeio pelas águas termais, banho ali para quem quisesse, almoço e quilômetros pela frente. Agora vamos tomar um banho em um hostel, comer algo e pegar o trem até a fronteira com a Argentina.

12/12, 00h30: Pensávamos que o trem partia a meia noite, mas na verdade ele sai de uma cidade nesse horário e passa aqui por volta das 3h. Viemos para a estação de trens, depois de matar tempo pela cidade e, como não resta mais nada a fazer, vamos dormir. Há várias pessoas encostadas nas paredes, fazendo as malas de travesseiros ou um banco de cama. Nos juntamos a elas. A viagem no trem terá 12 horas e estaremos na classe mais econômica. Acho que o sono vai aparecer de qualquer jeito. Estamos cansados, mas extremamente felizes pela viagem que fizemos. Eu volto com essa felicidade por ter conhecido um pouco da Bolívia, um país que sempre me despertou interesse, e com uma confusão extrema por não saber se poderia ter conhecido mais dessa gente. Em todo caso, mais do que palavras e fotografias, fica comigo um pouco de cada pessoa que conversei ou que simplesmente enxerguei.

*mais sobre esses assuntos na primeira parte do diário (clique para acessar).

na aba “o Reto”, seção de fotos realizadas ao longo da viagem.

DIÁRIO DE UMA PASSAGEM parte II, pelo viés de Liana Coll

lianacoll@revistaovies.com

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