ELEIÇÕES DCE UFSM: CHAPA 2 – INOVA [Parte III]

: Como a chapa avalia a expansão da universidade – REUNI -, visto que problemas práticos e burocráticos vêm ocorrendo há tempos, como a falta de espaço físico e a MP 525, que proíbe a contratação de professores efetivos?

Bakof: Sobre o REUNI, nós temos a dizer que nós não somos contra o REUNI, nós somos contra a forma como o REUNI foi implementado. Isso nós discutimos em conselho universitário quando o REUNI foi posto “goela abaixo” pela Reitoria. Na ocasião, nós não éramos contra. Nós éramos contra a forma. Nós pedíamos mais tempo para a UFSM elaborar mais projetos e consegui com que todos os cursos, todos os centros, agregassem projetos, e não apenas alguns, na ocasião cursos de determinados centros, que foi o que aconteceu. Nós vemos a expansão como algo positivo, como algo muito bom, mas tem que ser uma expansão planejada. E o que aconteceu na nossa Universidade foi que ela não foi planejada. Ela foi planejada em alguns centros, deixando outros centros a desejar. Esse eu acredito que seja o pensamento geral do nosso grupo quanto ao REUNI.

Fantinel: A questão, como bem expôs a pergunta, é que hoje ocorrem alguns problemas técnicos, eu diria, quanto à edição da Medida Provisória 525, com a falta de estrutura em outros campi. Mas a gente é a favor de universalizar o ensino e de ofertar mais vagas para a sociedade, para as pessoas que necessitam estudar. Isso aqui é consenso geral que só com mais educação, com mais universidade, a gente vai conseguir ter um Brasil melhor, mais avançado, e a gente progredir cada dia mais como país. Só a gente vai progredir com investimentos em educação. Então a importância do oferecimento de maiores vagas não está em debate. Isso é muito importante. O que a gente também salienta, e que temos que lutar e trabalhar é que seja dada a estrutura pra esses campi. Eles precisam de estrutura. Em Frederico Westphalen, hoje, as pessoas chegam na frente da Universidade e tem que pisar no barro. Aqui nós não temos esse problema. Não é demanda da Universidade Federal de Santa Maria, mas é de Frederico. Lá a gente precisa alguma coisa que parece pequena, mas as pessoas precisam ter – não é nem conforto – ter esse calçamento feito dentro da universidade pra elas poderem transitar em dia de chuva. Então são questões pontuais que nós, se gestão, vamos discutir com os órgãos competentes da nossa universidade, com a Reitoria, pra que a gente venha a suprir esses problemas nas extensões e que a criação de mais vagas seja planejada, sejam arquitetadas pela Universidade. O que eu queria salientar – fugindo um pouco da pergunta – a descentralização das provas… Eu ouvi uma conversa não oficial de que as provas do vestibular seriam feitas já para o próximo vestibular inclusive em São Paulo, com pontos de aplicação de provas para vestibular, isso sim é uma preocupação que a nossa gestão tem. A gente vê a UFSM como uma universidade pública, gratuita, universal para todo o país, mas lógico que a gente quer dar oportunidade pra nossa região, pro nosso estado. A Universidade que oferece aqui um ensino de boa qualidade, a maior universidade federal do interior do país, ela precisa dar atenção também pra região que a recebe, que a acolheu, que a formou. Então essa seria uma questão que a gente levantaria pra discutir: a questão de não abrir tanto. Por que nós vamos levar nossa prova a São Paulo, tirando, quem sabe, a oportunidade de pessoas do nosso estado, que poderiam estar dentro da nossa universidade, discutindo, formando pessoas qualificadas que vão gerar também um estado melhor, um estado mais forte. A gente precisa qualificar nossa gente. Eu defendo muito, quanto a esse quesito, que a gente dê oportunidade para o nosso estado, para a nossa região e não abra muito esse processo. A prova disso, da abertura que vem sendo feita, é que a gente teve hoje a sétima chamada da universidade. Então o que a gente pretende fazer como gestão? Dialogar com a Reitoria e conversar sobre essas questões, alertar sobre essas questões, e se preciso tomar outras medidas pra que a gente defenda – não a questão de que a universidade seja do Rio Grande do Sul – mas que a gente defenda uma maior estrutura para os alunos da nossa região, do nosso estado, que precisam de uma universidade, que devem se formar dentro de uma universidade aqui dentro do estado, para, consequentemente, poder colaborar com o desenvolvimento do nosso estado e fazer mais forte esse processo de ensino dentro da UFSM.

: Muitas questões práticas da vida estudantil ainda não foram atendidas de maneira satisfatória, como por exemplo a União Universitária, as moradias estudantis, a procura dos alunos por pedidos de carência, a estrutura dos RUs, a segurança no campus à noite etc. Como a Chapa pretende se relacionar com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) para melhorar esses pontos?

Fantinel: Bom, essa pergunta… eu quero aqui explicar pra quem não sabe a metodologia aplicada [na entrevista], a gente não sabia dessa pergunta, mas eu já havia falado isso. A nossa chapa, o nosso grupo tem esse comprometimento que entra no processo, que disponibiliza esses 80 nomes a frente da chapa, 76 nomes, que estão engajados nesse processo pra discutir essas carências. A gente precisa de mais Casas do Estudante. Isso é de consenso. Como a gente vai se relacionar? A primeira forma de buscar alguma coisa é tornando essa nossa intenção de melhorar a Casa do Estudante, melhorar o RU, a segurança da universidade, a primeira coisa de fato é a gente chegar e dizer pro Pró-Reitor de Assuntos Estudantis que a gente quer visualizar o processo, a arquitetura de expansão da Casa do Estudante, qual é o planejamento para melhorar o RU, o que está sendo implementado pra melhorar a segurança da Universidade. Então essas coisas a gente deve primeiro tornar de conhecimento. Os estudantes reivindicam, reivindicam. Está na mesa do Pró-reitor? Foi protocolado um ofício? Foi discutido com o pró-reitor? Não foi. Então a gente está atrasado ainda, a gente tem que ir lá discutir com o pró-reitor essas questões, protocolar um ofício com as intenções do movimento estudantil, do DCE, de lutar com mais força por isso e, aí sim, se articular com os estudantes. E, se for preciso, aí eu digo, quando a gente não conseguir resolver as nossas demandas através do diálogo, do consenso, da conversa, de um processo diplomático, aí a gente tem que se movimentar, fazer um movimento com os estudantes e mostrar o que realmente os estudantes querem e mostrar que a universidade foi feita para os estudantes e não foi feita para outros segmentos. A universidade foi pensada para os estudantes. A universidade foi pensada para formar pessoas e é isso que a gente quer: dar melhor qualidade para a formação das pessoas. O objetivo do nosso grupo é ir em busca de reprimir, de suprir essas demandas. A gente tem que ter mais casas do Estudante. A gente precisa de um RU melhor. A gente não tem poder pra fazer isso. Eu estaria sendo demagogo se eu estivesse dizendo pra vocês que a gente iria resolver o problema. Não. Não vamos resolver o problema, não temos a caneta, não temos efetividade pra resolver esse problema, mas temos vontade. E aqui eu queria ressaltar, nós vamos trabalhar, vamos até a Reitoria, vamos até o reitor. A gente diálogo com a Reitoria, bom diálogo com a Reitoria, a gente tem diálogo com todos os departamentos da Universidade e vamos, sim, buscar que a gente seja ouvido e que a Casa do Estudante seja ampliada num processo mais acelerado, a ampliação está sendo muito lenta. O RU, embora tenha tido aquela movimentação pra melhorar, aumentou o número de vagas… o RU não sanou problema nenhum, nós precisamos aumentar o RU, aumentar o Ru aqui do campus, o RU do centro. Então todo esse processo a gente vai discutir. A gente vai discutir com os estudantes e tornar de conhecimento oficial da Reitoria que o DCE e que os estudantes querem que essas demandas sejam atendidas o quanto antes e precisam ser atendidas. É isso que a gestão se propõe.

: Como a chapa avalia a aproximação e o diálogo entre os campi de Santa Maria, Silveira Martins, Palmeiras das Missões e Frederico Westphalen? Há como tornar o DCE, com a sede central em Santa Maria, um DCE atuante e que represente todos os alunos da UFSM nos quatro campi atuais?

Bakof: Bom, essa é uma questão que nós já estamos abordando no nosso material de campanha, nós já estamos conversando com o pessoal de outros campi. O que nós pretendemos é uma descentralização sem a desvinculação. O que nós queremos é que cada campus tenha a sua executiva do DCE, cada campus faça por si, assim como nós faremos pelo nosso. Não há como nós, estudantes de Santa Maria, se estudantes formos de verdade da Universidade Federal de Santa Maria, sabermos das carências em plenitude do campus de Frederico, por exemplo, que dá 300 km até o campus de Frederico. Ou do campus de Palmeira das Missões, que dá 220 km, por aí. Não Há como. Mas o que nós pensamos e já estamos colocando isso em material de campanha e conversando com as pessoas lá, é que lá se tenha uma estrutura de DCE. Pra isso temos que dar, nós, como temos a organização, a sede aqui, temos que deixá-los trabalhar. Muitas vezes ajudando-os, auxiliando-os, mas isso tem que partir deles, tem que partir dos campi o melhoramento de suas necessidades. Claro que nós jamais os deixaremos sem nos apoiarmos nessa luta estudantil. Mas eles devem tentar buscar suprir suas carências, assim como nós deveremos fazer o mesmo, pois não há como eles lutar lá por um aumento da passagem aqui em Santa Maria. Não adianta eles se manifestarem lá, assim como não adianta nós nos manifestarmos aqui por uma suba lá. Mas nós podemos ajudar eles lá e eles nos ajudarem aqui. Essa é a nossa forma de ver essa pergunta.

Fantinel: A questão é a seguinte, muito bem explanada pelo Bakof. O que a gente quer fazer não é criar outro DCE, isso não passa pela nossa cabeça. É fortalecer a gestão nos outros campi. Hoje a gente tem uma estrutura, um aparato aqui no DCE e não tem a mínima estrutura para as organizações nos outros campi. Nas nossas visitas nos outros campi, a gente constatou. Eu visitei já Frederico, por exemplo. É o segundo ano que eu vou pra Frederico. Em um dia a gente verificou. O DCE não tem uma sala. Não tem organização nenhuma, não consegue dessa forma fazer o que o Bakof dizia, lutar, se organizar, pra buscar reprimir, pra terminar, pra fazer com que eles sejam ouvidos quanto a questão de um transporte de melhor qualidade, quanto a questão do calçamento da rua deles, que eles não tem. Eles têm que pisar no barro. Então o que a gente quer? O nosso grupo do movimento propõe, e a gente discutiu com as pessoas que participam dos outros campi também, em articular uma estrutura, uma sala, para os outros campi para que eles tenham o mínimo: a questão de chamar uma reunião, de se organizar, ter uma salinha, um computador. Discutir por que não a emissão de carteirinhas não ser em Palmeira? Por que não a emissão de carteirinhas não ser em Silveira Martins, e ser centralizada em Santa Maria? Então isso a gente quer trabalhar, a gente vai trabalhar, a gente tem esse comprometimento com os outros campi. Até porque eles começam agora e eles precisam de um aparato, de organização, pra que eles venham buscar o que realmente eles precisam. Ser atendidos, ser ouvidos pelas extensões, pelo reitor, o que seja. Por exemplo, o problema de Frederico. Lá eles precisam da biblioteca uma hora a mais. Em Palmeira das Missões nós fizemos reuniões, a gente tem um grupo muito bom também em Palmeira das Missões: “Nós precisamos da biblioteca aberta aqui na universidade”. A biblioteca fecha ao meio dia, fecha às 17h, 17h30min, então eles precisam de uma hora a mais. O pessoal está chegando e está fechando a biblioteca. A gente vai trabalhar pra que a gente consiga oferecer uma estrutura em cada campus, para os nossos representantes envolvidos em cada campus, mais as pessoas que vão se agrupar, vão se unir conosco. Vale salientar que findado o processo eleitoral, a gente sendo gestão, a gente representa os estudantes. A gente não é um grupo fechado, a gente é um grupo que quer estruturar o DCE nos campi, nessas extensões, e dar maior visibilidade e voz para as extensões, que muitas vezes devido à distancia, como dizia o Bakof, “ficam de canto”. Isso não pode, a gente tem que dar igualdade, eles têm que serem ouvidos, as demandas deles também precisam ser atendidas. Então aqui fica o nosso compromisso em buscar atender e dar essa estrutura para eles terem pleno funcionamento nos campi fora de Santa Maria.

: Por que o empenho em criar uma chapa para concorrer? O que vocês trazem de diferente?

Fantinel: Eu me tornei repetitivo ao longo das perguntas e vou ter que fazer essa repetição novamente porque a pergunta me exige. A gente é um grupo de estudante que tem ideias próximas, que discute o movimento estudantil e tem como objetivo colaborar nesse processo. Essa é uma das melhores perguntas que já fizeram aqui porque isso instiga todo mundo a pensar nisso: “Mas por que esses estudantes se reuniram, foram atrás, se uniram, correram, montaram uma chapa, vão passar em salas de aula, vão ter que sacrificar os estudos um pouco, vão fazer o movimento estudantil?”. Bom, a gente precisa fazer o movimento estudantil, pena que são só três chapas. Eu, particularmente, como aluno da Universidade Federal de Santa Maria. queria estar disputando essa eleição com mais 9 chapas, queria que tivessem 10 chapas disputando a eleição. Com debate, com várias opiniões, com a aproximação… Quanto mais gente participando, ao natural, mais gente iria votar, mais gente iria para o processo. Seja porque é conhecido, seja porque confia, tem que se votar porque tem certeza que esse cidadão que está na chapa vai representar bem. Então o nosso grupo se uniu, primeiro, porque a gente percebe que o movimento estudantil tem que avançar mais.  E a gente ta propondo, ta botando nome e isso é louvável para as três chapas. Muitas pessoas se articulando, muitas vezes sacrificando o estudo pra se reunir pra debater o movimento estudantil, mas isso é importante. E a gente vem porque a gente precisa sanar alguns problemas. Na nossa chapa tem pessoas da Casa do Estudante que estão na chapa porque quer que melhore a Casa do Estudante. Nós temos um universo de vários estudantes que querem que melhore o RU, que utilizam o RU. Nós temos várias pessoas na chapa que acham quem tem problemas de segurança na universidade e querem melhorar a segurança. Então essas pessoas quando se unem e têm ideias semelhantes, ideias em comum, formam um grupo. Foi o que aconteceu conosco. A gente formou um grupo que tem por base, tem por ideal e tem por objetivo buscar representar os estudantes e discutir a questão da moradia, do RU, a questão da segurança, a questão da boate, que também é parte do DCE, que a gente não falou aqui, mas que muitos até só vêem o DCE como boate, infelizmente. E não, é um processo bem maior que esse, é algo que junta bem mais, então o nosso grupo se formou a partir de pessoas que vêem que a universidade deve avançar mais, que a universidade precisa investir mais em alguns pontos e hoje a gente está aqui pra levantar o debate como chapa e futuramente como gestão. Nós assumimos compromisso com vocês, um compromisso selado com todos os estudantes da Universidade, e a gente não pode brincar com isso. Então o nosso grupo é formado porque vê algumas necessidades na universidade e quer colaborar pra que a gente possa vir a ter uma universidade ainda melhor. Quem não gostaria que não tivesse nenhum problema na Universidade? Ter espaço no RU para pessoas que vem de fora, seria ótimo, mas não temos isso. A gente precisa melhorar isso, a gente precisa discutir isso. E a gente quer levantar esse ponto e depois lutar por eles, lutar pelos estudantes, para que sejam atendidas essas demandas que a gente falou durante toda a entrevista, e isso é fundamental, é isso que nos levou a nos unirmos e buscarmos discutir e, quem sabe, como gestão, com certeza atender, chegar próximo, levantar essa discussão com os estudantes, reivindicar e conseguir essas melhorias para os estudantes, que é o que a gente almeja de maior dentro do nosso grupo.

Bakof: Fugindo da pergunta, queríamos ter a disposição do colega Beto durante toda a campanha. Temos que ter essa vontade, determinação e garra durante toda a campanha. Bom, agora voltando à pergunta. O que nos levou é em razão à atual chapa ter um discurso que prevalecem as minorias. Nós pensamos que todos devemos ter o mesmo valor, o mesmo respeito e o mesmo tratamento e não algumas minorias serem beneficiadas em detrimento de uma grande maioria. Então essa é uma das razões pelas quais nós decidimos montar a chapa. Começamos o movimento há mais de um ano. Só complementando o que o Beto já falou, para não tornar repetitivo tudo o que ele já disse.

Glaucia Giuliani: Mostrar pro estudante que o movimento estudantil não precisa ser fechado num grupo pequeno, que todo mundo pode participar. Como acontece nas outras gestões, ninguém fica sabendo de nada ou se ficou sabendo é só de ir bater na frente de não sei o quê, fazer bagunça. Não, bagunça, não, fazer manifestações. O movimento pode ser feito de outro jeito. 

Escute o áudio da entrevista:

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ELEIÇÕES DCE UFSM: CHAPA 2 – INOVA, pelo viés de Bibiano Girard, Felipe Severo e Liana Coll

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